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28/10/2021

Selic a 7,75%: veja como fica a rentabilidade da poupança e de outros investimentos

Caderneta de poupança passa a ter retorno de 0,44% ao mês e de 5,43% ao ano, mas continuará perdendo para a inflação. Veja os investimentos mais buscados em outubro e simulações de como fica a rentabilidade nas principais aplicações de renda fixa

Com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a taxa básica de juros (Selic) para 7,75% ao ano, aplicações financeiras como caderneta de poupança e investimentos em renda fixa passarão a ter um retorno maior, embora ainda continuem perdendo para a inflação.

A rentabilidade da poupança, por exemplo, passará a ser de 0,44% ao mês e de 5,43% ao ano, de acordo com a regras em vigor. Até então, com a Selic a 6,25% ao ano, o retorno da aplicação financeira mais popular do país estava em 0,36% ao mês e de 4,38% ao ano.

Nesta quarta-feira (27), o Banco Central decidiu acelerar a alta da Selic, que foi elevada em 1,50 ponto percentual. E a expectativa do mercado é de que a taxa Selic continue avançando nos próximos meses em meio às preocupações com a inflação acima dos dois dígitos em 12 meses e com a deterioração das expectativas após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto flexibilizar o teto de gastos, tido como principal mecanismo de controle fiscal do país.

Os impactos do novo aumento da taxa de juros e sua relação com o teto de gastos

Pela regra em vigor desde 2012, quando a Selic está em até 8,5% ao ano, a correção da caderneta de poupança é limitada a um percentual de 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017).

A expectativa é de que a Selic supere o patamar de 8,5% ao final de 2021. Com isso, a poupança passaria a render 0,5% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano. O mercado projeta atualmente uma Selic em 8,75% ao ano no fim de 2021, chegando a 9,5% ao término de 2022.

Veja abaixo simulações de como fica a rentabilidade da caderneta de poupança e de outras aplicações de renda fixa.

Simulação de aplicação de R$ 1 mil na poupança

Veja como fica um rendimento de R$ 1 mil na poupança num prazo de 12 meses, considerando a manutenção da nova taxa de retorno, segundo simulações do diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.

Antes: rendimento era de R$ 43,80 (totalizando R$ 1043,80 ou 4,38% ao ano)

Agora: rendimento será de R$ 54,30 (totalizando R$ 1054,30 ou 5,43% ao ano)

Vale destacar, porém, que os depósitos feitos até abril de 2012, na chamada "poupança velha", continuam rendendo 0,50% ao mês e 6,17% ao ano (ou R$ 61,70 para cada R$ 1 mil aplicados).

Poupança perde rentabilidade há 13 meses

Em 2021, os saques nas cadernetas de poupança já superam os depósitos em mais de R$ 23 bilhões. O estoque dos valores depositados pelos brasileiros nesta modalidade de investimento, porém, ainda somava R$ 1,031 trilhão em setembro.

Mesmo rendendo um pouco mais, a poupança continua perdendo para a inflação. Já são 13 meses seguidos que a modalidade amarga uma queda no poder de compra.

Desde o final do ano passado, a poupança vem perdendo rentabilidade em termos reais. Em setembro, o retorno em 12 meses, descontada a inflação, foi de -7,46%, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica. Foi o pior rendimento real da poupança desde outubro de 1991, quando o poupador que deixou o dinheiro nesta modalidade perdeu -9,72% no acumulado em 1 ano. 

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 1,16% e a inflação oficial do país atingiu 10,25% em 12 meses. Em meio ao aumento do preço da energia e dos combustíveis, a expectativa é de nova aceleração da taxa de inflação em outubro.

A expectativa do mercado financeiro para a inflação em 2021está atualmente em 8,96%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2022, a projeção está em 4,40%.

Como ficam os outros investimentos

A elevação da Selic também irá melhorar a rentabilidade de investimentos em renda fixa como títulos públicos vendidos por meio do Tesouro Direto, CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), CRI e CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e de debêntures incentivadas, que são títulos emitidos por empresas para financiar seus projetos e operações.

Simulações do Yubb mostram que, com a Selic a 7,75%, o retorno líquido dos principais investimentos em renda fixa também continuará perdendo para a inflação, mas que em diversas modalidades a rentabilidade é melhor que a oferecida pela poupança.

O levantamento do Yubb projeta as rentabilidades anualizadas (12 meses), considerando Selic a 7,75% ao ano, projeção de inflação de 8,96% em 2021e alíquota de 20% de imposto de renda a prazos de vencimento entre 181 e 360 dias.

Embora a poupança siga perdendo para outras aplicações, a Anefac lembra que a modalidade mais popular do país continuará se destacando frente aos fundos de renda fixa, principalmente sobre aqueles cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano.

Por serem isentos do pagamento de imposto de renda, os rendimentos da poupança podem superar também os de CDBs de grandes bancos, como mostra as simulações do Yubb.

Mesmo num cenário de Selic acima de 8,50% ao ano, a poupança continuará "a perder de investimentos conservadores tão ou mais seguros como o Tesouro Selic", segundo destacou a XP, em relatório recente, acrescentando que o formato de “escadinha” da rentabilidade da poupança é outra desvantagem. "A rentabilidade ocorre apenas uma vez ao mês (aniversário da aplicação), ao passo em que os investimentos em Tesouro Selic e CDB possuem rentabilidade diária", explicam os analistas.

Onde colocar o dinheiro?

Em meio à alta da Selic e piora das projeções para a economia brasileira, tem aumentado a procura por investimentos em renda fixa em detrimento à renda variável e ativos negociados na bolsa.

Levantamento do Yubb mostra que os investimentos mais buscados neste mês, até o dia 27, foram pela ordem: CDBs, LC/RDB, LCI/LCA e Tesouro Direto. Investimentos mais buscados em outubro:

CDBs

LC/RDB

LCI/LCA

Tesouro Direto

Criptoativos

Fundos multimercado

Fundos de ações

Ações livres

Fundos de índice (ETFs)

Fundos imobiliários (FIIs)

"Com o cenário de alta dos juros brasileiros e deterioração econômica, a bolsa de valores tende a sofrer descontos e, em certa medida, perda de interesse por parte dos investidores. Com isso, o capital dos grandes investidores migra para títulos de renda fixa públicos e privados", afirma Bernardo Pascowitch, CEO e fundador do Yubb.

O especialista recomenda, entretanto, cautela com relação a investimentos com taxas de rentabilidade prefixadas.

"Embora prefixados possam chamar atenção em virtude da sua alta rentabilidade, não se sabe ainda qual será o teto do atual movimento de alta dos juros brasileiros. Portanto, tem-se como mais seguro optar por títulos de renda fixa pós-fixados ao invés dos prefixados -- porque os pós-fixados acompanharão o ciclo de juros e protegerão o pequeno investidor da alta da inflação", explica.

Importante lembrar que maiores rentabilidades costumam estar associadas a uma maior disposição ao risco e também a aplicações financeiras com prazos de vencimento maiores ou sem necessidade de resgate no curto prazo.

Além disso, a diversificação continua sendo fundamental para maximizar os retornos dos investimentos no longo prazo.

Num cenário de dólar alto, analistas sugerem investir parte da carteira em aplicações que permitem proteger o patrimônio contra depreciações da moeda brasileira, como ETFs (fundos de índice) de ações estrangeiras, BDRs (recibos de ativos estrangeiros negociados na B3) e fundos de investimento ou de ações estrangeiras

FONTE: G1