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11/07/2025

Secovi-SP não vê necessidade de novo modelo de financiamento habitacional: 'Não estamos na UTI do funding' - Valor Econômico

Para Ely Wertheim, presidente-executivo da entidade, setor imobiliário não tem problemas para captar recursos, mas sim de custo de funding por causa do alto patamar dos juros

Por Lais Godinho

O setor imobiliário não tem problemas para encontrar fontes de funding (captação de recursos), mas sim de custo de funding, segundo Ely Wertheim, presidente-executivo do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP). O atual patamar da taxa básica de juros (Selic), afirma, encarece o custo do crédito em qualquer setor.

Wertheim explica que a poupança não está tendo queda de captação, mas um fluxo líquido negativo, já que os saques estão superando os depósitos. O cenário, avalia, é de uma limitação de crescimento da caderneta. “Ela [poupança] está, digamos, no limite, mas não está desabando. Aliás, não há a menor previsão de acabar nos próximos 20 anos”, diz.

Por conta disso, Wertheim afirma que há espaço para discutir com calma as alternativas para o setor imobiliário. O Secovi-SP não vê pressa em se criar um novo modelo de financiamento da habitação, já que o país não está na “UTI do funding”. O assunto vem sido debatido entre governo, Banco Central, instituições financeiras e entidades do setor imobiliário.

“Querer resolver o problema do custo do dinheiro fazendo um novo sistema financeiro habitacional, sem necessidade, para nós causa muita preocupação. E a pergunta é: para que a pressa? A nossa preocupação é mexer num sistema financeiro habitacional que está funcionando muito bem”, diz.

Uma das medidas que estariam sendo estudadas pelo BC prevê liberação de parte dos depósitos compulsórios dos bancos, condicionada às operações de crédito imobiliário, mas este recurso seria de direcionamento livre. Hoje, 65% dos depósitos compulsórios são usados para financiamentos imobiliários, enquanto 20% ficam retidos no BC e os outros 15% de uso livre.

Na prática, quanto mais crédito imobiliário o banco conceder, maior seria a parcela liberada do compulsório. O recurso liberado, no entanto, poderia ser aplicado em qualquer linha, a critério do banco.

“Os bancos teriam mais liberdade, e, portanto, um ganho maior com os recursos da caderneta de poupança. A gente colocou essa preocupação com o Banco Central, porque os recursos da caderneta de poupança têm por lei, e por histórico de mais de 60 anos, direcionamento para habitação. E a produção habitacional depende desses recursos”, diz.

Questionado se os recursos para o setor imobiliário viriam do funding dos bancos em vez da poupança, Wertheim diz que o setor também colocou essa questão para o BC e não obteve resposta.

Sobre a medida de melhorar a atratividade dos financiamentos corrigidos pelo IPCA, Wertheim diz que esse é um ponto que pode ser melhorado no setor. “Tudo na vida pode ser melhorado. Essa é uma questão que, pontualmente, pode ser melhorada, de fixar o IPCA. Mas se você tem um defeito no teu carro, você não precisa trocar o carro inteiro. Conserta o defeito.”

FONTE: VALOR ECONôMICO