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26/02/2018

São Paulo mapeia imóveis para reforçar orçamento

“Muitos imóveis não estão com documentação em ordem, não têm matrícula e, portanto, acaba sendo difícil atribuir valor comercial”, afirma Karla, subsecretária do Estado.

Num período de forte restrição fiscal, a Prefeitura e o governo de São Paulo estão mapeando o seu portfólio de imóveis disponíveis e buscando formas de se desfazer desses bens para engordar o orçamento.

No fim de janeiro, o Estado definiu o gestor do seu primeiro fundo imobiliário por meio de um pregão. Foram 264 imóveis repassados, avaliados em quase R$ 1 bilhão. Nos próximos meses, deve lançar medidas similares para se desfazer de mais bens.

A Prefeitura se prepara para colocar em marcha até o fim deste mês uma licitação para contratar o estruturador que vai definir qual é o melhor destino para seus imóveis. “Esse estruturador pode criar um fundo ou até mesmo propor a venda direta”, diz o secretário adjunto de Desestatização e Parcerias da Prefeitura de São Paulo, Rodrigo Pirajá. “Queremos contratar um estruturador para que ele indique a solução que melhor potencialize a capacidade de exploração e rentabilidade desses imóveis para a Prefeitura.”

A estimativa da administração municipal é que a arrecadação com o repasse de imóveis possa superar R$ 1 bilhão.

No mapeamento feito pelos governos estadual e municipal, o estoque de imóveis que podem ser repassados é estimado em 5 mil e 1 mil, respectivamente. Normalmente, são escolhidos bens subutilizados ou mesmo abandonados pela administração pública.

“Foi feito um garimpo dos imóveis que poderiam ter algum interesse comercial”, afirma a subsecretária de Parcerias e Inovação da Secretaria de Governo do Estado, Karla Bertoco Trinidade.

Na disputa para a estruturação do fundo imobiliário estadual, sete empresas se mostraram interessadas. “Depois que vencemos, fomos procurados por algumas prefeituras interessadas em conhecer o processo. Nós entendemos que é um movimento que deve se repetir por outros Estados e prefeituras”, afirma Marcelo Varejão, diretor da corretora Socopa, companhia vencedora e responsável pela administração do fundo por cinco anos.

O portfólio das administrações públicas costuma ser muito maior em relação ao que é possível ser transferido. O entrave é que não é possível repassar todos os imóveis. Nem sempre a documentação está completa – há bens do século passado – e parte dos imóveis também serve para serviços básicos, abriga escolas e hospitais. 

“Muitos imóveis não estão com documentação em ordem, não têm matrícula e, portanto, acaba sendo difícil atribuir valor comercial”, afirma Karla, subsecretária do Estado.

Carteira bilionária - A estimativa, por exemplo, é que o Estado de São Paulo tenha uma carteira de 30 mil imóveis avaliada em R$ 625 bilhões, de acordo com estudo realizado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG).

Esse valor investido em uma aplicação conservadora, de rendimento de 3%, aumentaria o orçamento do Estado em R$ 18,8 bilhões ao ano, o que equivale a 2,1 vezes o orçamento atual.

 

“O ideal atualmente é que a administração pública sempre tenha uma visão mais ampla e melhor planejada do portfólio dos imóveis para fazer um processo bem pensado”, afirma o diretor do BCG no Rio de Janeiro e especialista em infraestrutura, Thiago Cardoso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO