Notícias

07/08/2015

Sangria na poupança

Com isso, no acumulado do ano, a caderneta já perdeu R$ 41 bilhões, quase o dobro do saldo líquido computado em 2014. Trata-se do pior resultado em 20 anos.

Os brasileiros estão raspando o que podem da caderneta de poupança. Em julho, pelo sétimo mês consecutivo, houve mais retiradas do que depósitos na tradicional modalidade de investimentos. O saldo ficou negativo em R$ 2,453 bilhões. Com isso, no acumulado do ano, a caderneta já perdeu R$ 41 bilhões, quase o dobro do saldo líquido computado em 2014. Trata-se do pior resultado em 20 anos.

Pelos cálculos do Banco Central, o saldo total da poupança fechou julho em R$ 646,5 bilhões, o menor nível desde setembro do ano passado. Nem os rendimentos incorporados aos depósitos estão sendo suficientes para conter a sangria da caderneta. 

Mantido esse ritmo de perdas até o fim do ano, a Caixa Econômica e os bancos privados poderão anunciar novas restrições para o financiamento de imóveis com recursos da poupança. 

Além do baixo rendimento, a caderneta está sendo afetada pela forte queda na renda dos trabalhadores, que têm sido obrigados a recorrerem às economias para fechar as contas, uma vez que a inflação está encostando nos 10%, e pelos boatos sobre confisco, já desmentidos veementemente pelo Ministério da Fazenda. 

O atual ciclo de alta dos juros básicos e do dólar também contribui para tirar o brilho da poupança, tornando outros investimentos mais atrativos. Até porque, há três anos, a forma de remuneração da aplicação mudou. Pela regra de maio de 2012, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Atualmente, a taxa básica está em 14,25% ao ano. Quando o juro sobe a partir de 8,75% ao ano passa a valer a regra antiga de remuneração fixa de 0,5% ao mês mais a TR. 

Energia subirá 50,9% no ano - O Banco Central elevou a expectativa de alta dos preços administrados energia, combustíveis, planos de saúde, medicamentos para 14,8%, neste ano. Na ata da reunião do Comitê de Política Monetária de junho, a projeção era de aumento de 12,7%. De acordo com o documento de julho, foi considerado um salto de 50,9% nos preços da energia elétrica, de 9,2% no custo da gasolina e de 4,6% no do gás de cozinha. Também foi contabilizada a queda de 3% nas tarifas de telefonia fixa. O cenário de referência usado pelo Copom levou em conta as hipóteses de taxa de câmbio de R$ 3,25 e de taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Para os analistas, esse cenário já está defasado.

 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE