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23/06/2015

S&P prevê expansão do crédito entre 8% e 12%

Um panorama econômico "sombrio" na América Latina tem se refletido diretamente no desempenho dos bancos da região, segundo relatório divulgado pela Standard & Poor's.

 

Fabiana Lopes

Um panorama econômico "sombrio" na América Latina tem se refletido diretamente no desempenho dos bancos da região, segundo relatório divulgado pela Standard & Poor's. No Brasil, o cenário não é diferente e a expectativa da agência é que a expansão do crédito fique entre 8% e 12% este ano, próximo ao que se viu no ano passado, de 11,3%. A projeção do Banco Central para o crescimento do estoque em 2015 estava em 11% em março, mas a instituição pode revisar seus números hoje.

Os bancos, na visão da agência, terão de buscar retorno em outras linhas do balanço. "A qualidade dos ativos, a eficiência e a capacidade de gerar receitas com tarifas serão fatores chave de crescimento", afirma a S&P.

Os bancos brasileiros têm olhado com atenção para esses itens. Depois de incrementar as receitas com serviços nos últimos anos, as instituições extraíram parte do resultado do primeiro trimestre da tesouraria. Juntos, Santander, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil expandiram essa linha em 63%, com destaque para Itaú e Bradesco.

A busca pela eficiência também vem ganhando espaço. Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil têm repetido que a meta é manter a expansão de gastos abaixo da inflação, o que, no primeiro trimestre, conseguiram cumprir.

Mesmo que a diretriz de extrair resultados de outras fontes além do crédito valha para todos os bancos, são os privados que há mais tempo colocaram esse plano em prática, segundo a S&P.

Nos últimos três anos, essa instituições se concentraram na diversificação e no corte de custos, sem efetivamente se preocupar com a perda de fatias do mercado de crédito para os bancos públicos.

Por outro lado, avalia a agência, nesse mesmo intervalo os bancos públicos expandiram rapidamente suas carteiras de crédito, o que diluiu seus índices de inadimplência e levantou questões sobre a qualidade de seus portfólios especialmente se as instituições passarem a reduzir o ritmo de crescimento daqui pra frente.

Com esse modelo estratégico distinto, é possível que os bancos públicos sofram mais nesse período chamado de "sombrio" pela agência. "Consequentemente, esperamos que os bancos privados mantenham sua performance resiliente em 2015, enquanto os obstáculos para a rentabilidade dos bancos públicos devem continuar a crescer", avaliam.

As diferentes estratégias dos bancos vão determinar o nível de expansão do crédito no país daqui para frente. O largo intervalo de crescimento para o crédito previsto pela S&P - entre 8% e 12% -  se dá exatamente por conta da falta de clareza para a expansão dos bancos públicos. "O teto do patamar deve ser alcançado se os bancos públicos continuarem a ser muito mais agressivos que seus pares privados em suas estratégias de crescimento, e continuarem a ganhar participação no mercado", afirmam os analistas da S&P. Mas se os bancos públicos adotarem postura conservadora como os privados, a expectativa é que se alcance o piso da previsão.

A Caixa é, aparentemente, o banco mais agressivo na estratégia de crescimento do seu portfólio, se comparada com Banco do Brasil e BNDES, cita a S&P. 

 

FONTE: VALOR ECONôMICO - PáG. C1