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22/12/2017

Rossi reestrutura dívida com bancos e prepara retomada

Já com a Caixa, os R$ 410 milhões reestruturados respondem a contratos de nove obras, que ganharam uma extensão em três anos no vencimento.

Desde a crise que começou a atingir a construção imobiliária, a Rossi Residencial sempre foi citada como uma das mais sensíveis a uma possível quebradeira do setor. Depois de iniciar uma restruturação financeira em 2015 e passar dois anos e meio sem lançar um novo empreendimento, a administração da companhia chegou a um acordo com os principais bancos credores que deve ser o marco zero para uma nova Rossi.

Conforme comunicado divulgado na noite de ontem, serão cerca de R$ 1,66 bilhão reestruturados com Banco do Brasil, Bradesco e Caixa, os três maiores credores da Rossi.

O principal montante envolve a dívida corporativa de R$ 1 bilhão com Bradesco, com o qual um memorando de entendimento não vinculante foi assinado. Parte do valor deve ser amortizado por meio de ativos que já fazem parte das garantias dos financiamentos, e o restante terá os prazos de pagamento estendidos.

Um acordo semelhante foi negociado com o BB, credor de uma dívida corporativa de R$ 250 milhões. No caso específico do banco, a incorporadora terá três anos para reduzir a dívida com a venda de apartamentos prontos e terrenos.

Segundo fontes do mercado, a Rossi deve ter uma carência de dois anos para iniciar os pagamentos do montante remanescente e dos juros da dívida corporativa. A negociação com os dois bancos representa 90% do endividamento corporativo da empresa.
Já com a Caixa, os R$ 410 milhões reestruturados respondem a contratos de nove obras, que ganharam uma extensão em três anos no vencimento.

A administração defende que esse acordo encerra um ciclo, com a empresa mantendo sua capacidade de acessar financiamentos para novos projetos, e que uma recuperação judicial nunca esteve na mesa de negociações. "O maior ponto de acordo entre bancos e a companhia era de que a continuidade da operação era obrigatória", afirmou Fernando Miziara, diretor financeiro e de relações com investidores da Rossi, em entrevista exclusiva ao Valor.

Após essa virada de página, que deve ser concluída nos próximos meses com a assinatura das bases finais dos acordos, a Rossi pretende retomar de vez os lançamentos, iniciados no segundo semestre deste ano.

"Desde o início, tínhamos a preocupação de que não houvesse uma ruptura com os bancos, era necessário saber que haveria um dia seguinte", disse João Paulo Rossi Cuppoloni, diretor presidente da companhia desde o início de 2017, num movimento que representou o retorno da família Rossi ao comando da incorporadora.

A nova companhia, porém, terá focos bastante específicos, se distanciado da diversidade regional e de segmentos de atuação que marcou a Rossi nos últimos anos.

A empresa deve se voltar a loteamentos e incorporação dentro do Minha Casa, Minha Vida, inclusive nas faixas 1,5 e 2, e no segmento de média renda, com imóveis de até R$ 500 mil. Os empreendimentos serão concentrados nas regiões de São Paulo e Campinas (SP).

"Percebemos que esse mercado é mais robusto que o tradicional, com uma demanda reprimida muito grande, e com poucas empresas, pois é necessário o compromisso com o custo baixo", destacou Rossi Cuppoloni, lembrando que a companhia já tem experiência em produtos padronizados.

Das diversas operações espalhadas pelo Brasil resultantes do período de expansão, só deverá ser mantida a Norcon Rossi, sediada em Aracaju.

Além da negociação com os bancos, o ano da Rossi foi utilizado para reestruturar a atuação, com a compra de terrenos que atendessem às faixas de renda almejadas. "Nessa tempestade que o setor enfrentou nos últimos dois anos, sair vivo e com um banco de terrenos bom e crédito para lançar, significa que a lição de casa foi feita, mas que ainda temos muito a fazer", completou Miziara.

Não há prazo para os novos empreendimentos, que, com o banco de terrenos remanescente da negociação com os bancos deve representar um valor geral de vendas (VGV) de R$ 4 bilhões.

FONTE: VALOR ECONôMICO