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17/12/2019

Retomada de imóvel pela Caixa perde força com renegociações

Banco reformulou sistemas e abriu programa para inadimplentes

A mudança nos critérios de renegociação de contratos habitacionais impediu o crescimento mais expressivo da retomada de imóveis pela Caixa Econômica Federal devido à falta de pagamento. Em dezembro do ano passado, o banco possuía 62.972 imóveis em estoque. Segundo dados obtidos pelo Valor por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a quantidade atual de unidades habitacionais em estoque soma 56.136, sendo 20.384 deles oriundos do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) das chamadas faixas II e III - ou seja, famílias com renda entre R$ 2,6 mil e R$ 7 mil. O pedido foi feito em 14 de novembro e respondido em 25 de novembro.

O vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl, reforçou que a renegociação das dívidas evitou que o estoque de imóveis no banco se tornasse maior. Neste ano, a Caixa Econômica Federal reformulou seus sistemas e abriu um programa de renegociação de dívidas com os inadimplentes. Somente neste ano, foram renegociados 119.482 contratos, num total de R$ 10,5 bilhões.

Em 2019, conforme Mahl, se chegou à conclusão de que os critérios de renegociação de dívida existentes no banco não estavam atendendo as necessidades dos clientes. “Quando entramos [assumiu o cargo de vice-presidente de habitação no início deste ano], observamos a necessidades dos clientes e passamos a considerar isso nas renegociações”, explicou.

Segundo o executivo, agora quando o banco identifica que o cliente está com três parcelas do financiamento imobiliário atrasadas já chama a pessoa para negociar. Ou seja, é feita uma atuação antes que a situação fique mais complicada para o mutuário e o imóvel seja tomado para cobrir a dívida. Ele explicou que a crise econômica entre 2013 e 2015 impactou principalmente os ganhos das pessoas de baixa renda, que não tinham outras coisas para cortar de seu orçamento para fazer frente a financiamentos imobiliários. Por este motivo, o estoque de imóveis retomados acabou atingido o pico (de 65 mil).

O banco acrescentou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a redução do estoque está vinculado ao aumento da cota de financiamento para até 100% do valor de compra e venda; disponibilização do portal Imóveis com ofertas das moradias disponíveis para venda on-line, integrado com simulador habitacional; e cadastros de novos corretores para a venda dos imóveis.

Dentre as possibilidades de renegociação de dívida ofertadas pela Caixa aos clientes estão: pagamento à vista de um valor de entrada e incorporação às parcelas atrasadas nas próximas prestações a vencer até o fim do prazo contratual; alteração da data de vencimento da prestação. Caso o cliente não se enquadre nos critérios, pode procurar uma agência da Caixa para verificar a possibilidade de um acordo. As condições de renegociação oferecidas dependem da situação do contrato, tais como o valor contratado, valor da garantia, cota de financiamento e quantidade de prestações já prestadas.

Na semana passada, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que a instituição financeira está estudando a possibilidade de que as novas taxas de crédito imobiliário, mais baixas, possam ser transferidas para contratos antigos com o próprio banco, que tinham juros mais altos. Essa possibilidade também poderá contribuir para impedir uma ampliação do estoque de imóveis retomados por inadimplência.

FONTE: VALOR ECONôMICO