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14/04/2021

Reformas e venda direta puxam alta de material para obras

Faturamento no trimestre cresceu 15,6% na base de comparação anual com demanda da autoconstrução e por parte das construtoras

O faturamento das fabricantes de materiais de construção teve crescimento real de 15,6%, no primeiro trimestre, na comparação anual, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A demanda segue puxada pelas compras de consumidores finais para reformas e pela comercialização direta para as construtoras. Em julho, a projeção de expansão de 4%, traçada para este ano, será revista pela FGV.

“A sinalização é que a estimativa será revisada para cima se não houver grandes sobressaltos no ambiente externo”, disse ao Valor Rodrigo Navarro, presidente da Abramat. Já começa a ser vislumbrada a possibilidade de o setor crescer 5%, em 2021, segundo Navarro. Ele ressalta que os 15,6% acumulados de janeiro a março se mostram um desempenho “bastante animador”, levando-se em conta o bom ritmo de vendas do primeiro trimestre do ano.

 

A Abramat espera continuidade de alta do faturamento, em abril e maio, meses cuja base de comparação foi muito baixa no ano passado. A partir de junho, porém, o desempenho mensal passará a ser confrontado com patamares elevados de vendas resultantes da forte demanda registrada desde meados de 2020.

Em março, houve expansão de 22,6% ante o mesmo mês do ano passado. O faturamento decorrente das vendas de materiais básicos aumentou 24,1%, enquanto o da comercialização de acabamentos teve alta de 20,1%. Em relação a fevereiro, foi registrada leve alta de 0,6% no total dos materiais comercializados. Nos 12 meses encerrados em março, o faturamento deflacionado das indústrias de materiais acumula expansão de 3,9%.

Segundo Navarro, o setor está operando com utilização de mais de 80% da capacidade instalada, ante 65% na pré-pandemia. “A produção continua a pleno vapor”, diz o representante setorial.

O presidente da Abramat destaca que as fabricantes de materiais continuam enfrentando pressões de custos de matérias-primas devido à alta das commodities e à desvalorização do real, além de problemas de abastecimento de parte dos insumos, como resinas. “O governo tem discutido medidas com o setor para regularizar o abastecimento das matérias-primas”, diz Navarro, citando a redução temporária do imposto de importação de resina.

O representante setorial afirma que o setor tende a se beneficiar do marco regulatório do saneamento, da lei do gás e dos leilões de concessões que têm sido realizados, mas afirma que as reformas estruturantes precisam avançar. Navarro defende também a essencialidade das lojas de materiais de construção, que voltaram a abrir, nesta semana, no Estado de São Paulo. “Restrições ao funcionamento do varejo de materiais trazem muita dificuldade para o setor, pois as vendas dos produtos carecem de consultoria técnica”, afirma.

FONTE: VALOR ECONôMICO