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06/08/2025

QuintoAndar entra no mercado de consórcios de imóveis – O Globo

Em momento de crescimento recorde dos consórcios diante dos maiores juros em quase duas décadas, o QuintoAndar vai estrear no segmento.

Por Rennan Setti

A plataforma está lançando um consórcio imobiliário com cartas de crédito entre R$ 200 mil e R$ 400 mil e aposta em ferramentas de fidelização — como cashback de 10% e a possibilidade de resgate do saldo acumulado após cinco anos para clientes que comprarem o imóvel dentro do próprio QuintoAndar.

— A gente começou oferecendo aluguel e depois imóveis à venda, mas não tínhamos um produto próprio para ajudar o cliente a fazer a transição do aluguel para a casa própria. Esse processo é uma dor, sobretudo num país com baixa educação financeira e onde a entrada média de um imóvel equivale a mais de dois anos de toda a renda das famílias — afirmou Marcelo Nelzow, diretor de novos negócios do QuintoAndar.

Até então, o QuintoAndar só oferecia um processo digitalizado de simulação e contratação de financiamentos disponibilizados por bancos.

Depende do perfil

O consórcio funciona, grosso modo, como um grupo de pessoas que se organiza para formar uma poupança coletiva com o objetivo de comprar bens. Em vez das taxas de juros dos financiamentos, os participantes pagam parcelas fixas mensais por um período determinado e concorrem a sorteios periódicos que contemplam alguns deles.

Diante dos juros elevados, o consórcio vive demanda especialmente aquecida, mas especialistas ponderam que o produto tem especificidades que precisam ser consideradas e que ele pode não ser o mais recomendado para todas as situações. Em geral, assessores de investimento e economistas afirmam que o consórcio é mais adequado para quem não tem pressa de adquirir um imóvel ou não dispõe de recursos iniciais — mas pode não valer a pena para quem já tem parte do valor, que poderia ser investida e render com a Selic elevada, ou para quem quer sair rapidamente do aluguel. Afinal, o participante nunca sabe quando será contemplado.

— A gente está oferecendo o produto como um caminho inteligente para quem quer comprar um imóvel. É mais barato que um financiamento e funciona para quem não tem prazo definido para comprar a casa, ou mesmo para quem quer investir em outro imóvel para alugar. Mas sabemos que não é um produto para todos. Ele não funciona para quem já sabe o imóvel que quer comprar e tem parte dos recursos para obtê-lo, por exemplo — explicou Nelzow.

O QuintoAndar quer começar com um grupo de 1,5 mil clientes e prazo de 15 anos. As parcelas mensais vão de R$ 683 (com desconto e para carta de crédito de R$ 200 mil) a R$ 2.732 (parcela integral para carta de R$ 400 mil). O contrato tem taxa de reajuste fixa de 3% ao ano. A taxa de administração do consórcio é de 22%.

O contrato prevê três sorteios mensais — o simples (100% baseado na sorte), o de lance fixo (com 30% do valor da carta) e o de lance livre —, além de um sorteio anual para quem estiver em dia com as parcelas.

Cashback e resgate

O QuintoAndar também está oferecendo cashback de 10% para clientes contemplados que comprarem o imóvel dentro da plataforma. Segundo a empresa, o valor é de uso livre e pode ser utilizado para complementar o pagamento do imóvel, fazer reforma ou mesmo quitar custos tributários e cartoriais, por exemplo. O contrato também prevê a opção de saque do saldo acumulado após cinco anos, caso o cliente opte por comprar dentro do site.

— Esse é um diferencial que quisemos oferecer em relação aos outros consórcios. Uma das críticas que se faz ao consórcio é que ele pode travar o participante por um longo período. Nós quisemos tornar o produto mais previsível: se ele não for contemplado, pode sacar o dinheiro. O que a gente não quer é que a pessoa pense que entrou em um mau negócio e ficou presa — disse Nelzow.

O plano do QuintoAndar é chegar até o fim do ano com 1,5 mil participantes e a concessão de mais de R$ 500 milhões em cartas de crédito. Para colocar o produto de pé, o QuintoAndar se associou à Bamaq Consórcio, administradora licenciada pelo Banco Central.

A entrada no novo segmento se dá poucas semanas depois de a plataforma encerrar o QuintoCred Garantia (QCG), produto voltado a imobiliárias e que assegurava o pagamento do aluguel aos proprietários em caso de inadimplência dos inquilinos.

FONTE: O GLOBO