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17/05/2016

Prejuízo das construtoras somou quase R$ 1 bi

Para analistas, o resultado foi menor que o visto de janeiro a março de 2015, mas sinaliza que a crise ainda tira o sono dos empresários.

Paula Cristina

O prejuízo líquido das construtoras de capital aberto somou quase R$ 1 bilhão no primeiro trimestre deste ano. Para analistas, o resultado foi menor que o visto de janeiro a março de 2015, mas sinaliza que a crise ainda tira o sono dos empresários.

"O resultado deste trimestre mostra que o encarecimento do crédito ainda é um problema grave e vai continuar pressionando os resultados das empresas do ramo", afirmou o consultor imobiliário Carlos Capotto, que atua como analista da consultoria Praxys, de Santa Catarina.

Na visão do especialista, os resultados só não foram piores em função de uma forte onde de retração de lançamentos. "Os novos canteiros de obras sumiram em todo Brasil", completou ele, lembrando que a tendência é que o movimento de novas obras continue fraco este ano.

"As construtoras já fizeram a lição de casa. Todas elas reduziram lançamentos e estão levando a sério a redução de custo. Agora, para dar resultado é preciso que haja mais estímulo do governo federal para retomada", diz Capotto.

De opinião similar partilha o presidente do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusconSP), José Romeu Ferraz Neto. "A construção civil deve ser um dos principais protagonistas desta retomada. Para tanto, ela deve ser estimulada".

Enquanto o mercado imobiliário espera retomada mediante ao retorno da confiança do brasileiro, uma alternativa apresentada por Ferraz é estimular outros tipos de negócios. "Para tanto, é preciso desburocratizar os processos de privatizações, concessões e PPPs. Mas para isso será preciso instituir taxas de retorno atrativas, facilidades no acesso ao crédito", disse.

Resultados - Entre as empresas que apresentaram maior prejuízo de janeiro e março apareceu a PDG Realty, com perdas de R$ 410 milhões, mais que o dobro da perda de R$ 162 milhões em igual trimestre de 2015, mas valor menor que a prejuízo de R$ 1,969 bilhão dos três meses finais do ano passado. "A PDG mostra que pode ser morosa a ação de arrumar a casa e alinhar as expectativas da empresa com força do mercado."

Quem também apresentou resultado negativo de três dígitos foi a Rossi, que apurou um prejuízo líquido de R$ 142,1 milhões no período. Além dela, a JHSF Participações teve prejuízo de R$ 37,2 milhões, revertendo assim o lucro líquido de R$ 1 milhão de 2015.

A Gafisa teve prejuízo de R$ 53,2 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 31,6 milhões um ano antes. Segundo a empresa, o resultado foi pressionado pelo segmento Gafisa, voltado para públicos de média e alta rendas e que teve prejuízo de R$ 58 milhões. Já a Tenda, do setor econômico, lucrou R$ 4,8 milhões.

Além dessas construtoras, a Cyrela, Even e Direcional também apresentaram, no primeiro trimestre, resultados consideravelmente menores que no mesmo período de 2015.

Do outro lado, o destaque das operações foi a MRV Engenharia, que viu alta de 20,7% nos ganhos, somando R$ 128 milhões. Segundo a empresa, após o resultado, a hora é de pensar em aquisição de terrenos e saúde financeira para quando houver a retomada da economia brasileira.

 

 

FONTE: DCI