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15/05/2019

Plano Diretor pode encarecer imóveis

O preço dos imóveis de Belo Horizonte pode ficar mais caro se o Plano Diretor, que altera as diretrizes urbanas da cidade, for aprovado na Câmara Municipal

O preço dos imóveis de Belo Horizonte pode ficar mais caro se o Plano Diretor, que altera as diretrizes urbanas da cidade, for aprovado na Câmara Municipal. Segundo o arquiteto e urbanista Júlio Guerra Tôrres, membro da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), que apresentou um estudo com simulações para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o preço das unidades sofreria um aumento médio de 30% a 40% em caso de aprovação do texto.

“O problema são os parâmetros que vão dizer como o Plano Diretor vai ser implementado. Pegamos os parâmetros e aplicamos nos projetos: quanto você pode construir no terreno, os afastamentos da frente e dos lados. Dessa forma a gente monta o cenário dos novos prédios. O fato é que vários desse parâmetros pioraram”, disse Tôrres, durante evento realizado nesta terça-feira (14) na antiga sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), região Centro-Sul.

Hoje, o coeficiente de aproveitamento na capital varia de 1 até 2,7, fator que permite que imóveis mais altos sejam erguidos. A proposta do novo Plano Diretor é que esse parâmetro seja limitado a 1 – o que faz com que a construção num terreno de 1.000 m², por exemplo, não ultrapasse os mesmos 1.000 m².

Para ele, com os custo mais altos para construir, um dos impactos será a redução de lançamentos. “Com menos lançamentos, os preços dos imóveis sobem, mesmo os já construídos. Afinal, é o jogo da oferta e da procura. E a tendência é que os aluguéis também fiquem mais caros”, analisa.

Para Tôrres, com a redução do coeficiente e a obrigatoriedade de construir prédios menores, quem desejar levantar empreendimentos mais robustos e verticais terão que comprar, junto à prefeitura, o direito de expandir a obra.

Empregos - A assessora econômica do Sinduscon-MG) Ieda Vasconcelos afirma que o impacto com a aprovação do novo Plano Diretor não será sentido apenas pelo setor, mas por toda a cidade.

Ela lembra que a capital mineira perdeu, de 2013 a 2018, mais de 90 mil vagas com carteira assinada. “É o momento de incentivar a geração de emprego”, diz ela. Ieda acrescenta que a construção civil foi responsável por boa parte geração de empregos em Belo Horizonte no ano passado e no primeiro trimestre deste ano. De acordo com a assessora econômica, a construção de edifícios respondeu por 52,73% das vagas geradas nos primeiros três meses deste ano no setor.

O diretor imobiliário do Sinduscon-MG, Ricardo Catão, conta que a entidade vem estudando a proposta de Plano Diretor há meses e que apresentou aos vereadores estudos técnicos sobre o assunto. “Os estudos estão disponíveis para os vereadores, para a população. É conta de matemática”, diz.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por meio de nota, que não irá se posicionar, pois desconhece o estudo.

FONTE: O TEMPO