Por Lais Godinho
O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), Renato Gomes, afirmou que o Pix em garantia será uma ferramenta importante para expandir o crédito no país e reduzir custos, especialmente para as empresas. A nova funcionalidade, que deve ser lançada no segundo semestre de 2026, permitirá que recebíveis futuros de de Pix sejam usados como colateral em operações de crédito.
“Um condomínio, por exemplo, tem os seus recebíveis — os condôminos pagam aquilo mensalmente, os valores flutuam pouco e a inadimplência é facilmente previsível. O que essa garantia vai permitir é que o condomínio tome o empréstimo com garantia desses recebíveis futuros”, explicou Gomes, durante o evento para mercado imobiliário Superlógica Next 2025, realizado nesta terça-feira (26) em São Paulo.
Na avaliação de Gomes, a medida deve ampliar o crédito colateralizado no Brasil. “O Brasil é um país de altas taxas de juros e uma das razões para o custo do crédito ser alto é precisamente porque existe pouco crédito colateralizado. O Pix em garantia vai precisamente atacar isso. Eu acho que tem o impacto de reduzir bastante o custo de crédito, especialmente para PJs”, afirmou.
O diretor do BC também falou sobre o Pix parcelado, previsto para ser lançado no próximo mês. Segundo ele, a funcionalidade terá regras claras, como a apresentação das taxas de juros de forma transparente pelas instituições financeiras e as condições em caso de inadimplência. “O Pix parcelado é um exemplo desse cuidado que nós temos em preservar o sistema e fazer com que o consumidor tenha confiança nele.”
Pix Automático
Além de falar da agenda evolutiva do Pix, o foco do painel de Gomes no evento foi apresentar para o setor imobiliário os benefícios do Pix automático, lançado em junho deste ano. Antes do Pix Automático, as principais opções para pagamentos recorrentes eram cartão de crédito, boleto ou débito automático. No caso do débito automático, explicou o diretor, há a necessidade de que a empresa credora firme acordos bilaterais com as instituições financeiras que oferecem o serviço.
“Essa necessidade de acordos bilaterais é uma grande limitação no mercado. Podiam fazer convênio com uma instituição financeira apenas administradoras de condomínios muito grandes, ou cadeias de lojas, provedores de energia elétrica, empresas grandes. Do lado das instituições financeiras, só os grandes bancos, essencialmente, e algumas cooperativas ofereciam”, disse Gomes.
Na avaliação do diretor, o Pix Automático deve ter impacto especialmente sobre o boleto, porque ele ainda é um método “relativamente caro”. Para Gomes, o motivo de o boleto seguir sendo utilizado em contas recorrentes está ligado à confiança dos usuários, já que o débito automático ainda gera certo receio. Segundo ele, o Pix Automático, ao padronizar a jornada do pagamento recorrente, traz maior segurança e incentivo ao uso. A solicitação de consentimento, a possibilidade de definição de limites para o pagamento, a notificação de cobrança com sete dias de antecedência e a chance de cancelamento até a véspera são elementos que aumentam a confiança no método, explicou Gomes.