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06/02/2019

PIB do setor de construção terá expansão de 2% em 2019, diz sindicato

No ano passado, o PIB da construção caiu 2,3%, apesar da melhora dos indicadores de lançamentos imobiliários, vendas, distratos e crédito imobiliário, segundo o Sinduscon-SP

O Produto Interno Bruto (PIB) da construção terá crescimento de 2% em 2019, conforme estimativa do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A projeção considera que o PIB do país terá expansão de 2,5% no período.

No ano passado, o PIB da construção caiu 2,3%, apesar da melhora dos indicadores de lançamentos imobiliários, vendas, distratos e crédito imobiliário, segundo o Sinduscon-SP. O saldo líquido de emprego na construção foi de 16.169 vagas em 2018. Para 2019, o Sinduscon-SP projeta taxa de crescimento do emprego com carteira assinada de 4,5%.

A entidade cita dado da Inter B. Consultoria de que os investimentos em infraestrutura responderam por 1,7% do PIB, em 2018, ante 1,69% no ano anterior.

Se o recuo do PIB da construção no ano passado for confirmado quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar as contas trimestrais, a queda acumulada do setor em cinco anos terá sido de quase 30%, segundo a coordenadora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo.

Para 2019, a expectativa é que o setor encerre esse ciclo de cinco anos de retração do PIB e de redução de quase 1 milhão de empregos com carteira assinada.  Em 2019, o crescimento das vendas, ocorrido no ano passado, deve se traduzir em mais obras, de acordo com a coordenadora da FGV Projetos. Segundo ela, o crescimento das empresas - mercado imobiliário, infraestrutura e serviços especializados - deve ser de 1%, enquanto o segmento demais - autoconstrução e pequenos empreiteiros não formalizados - é estimado em 3,5%.

A melhora da atividade formal deve se refletir no emprego com carteira assinada, com alta de 4,5%, de acordo com Ana Castelo. Há expectativa que a alta mais significativa ocorra no segmento de edificações. “O mercado imobiliário continuará a comandar a atividade. A retomada das obras de infraestrutura, se confirmada, deverá ter efeito na atividade mais para frente”, afirmou.

Há incertezas em relação ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, segundo a coordenadora, relacionadas ao fim do ministério das Cidades. “Não se sabe efetivamente como será a continuidade do programa”, disse. Questões relacionadas a possíveis outros usos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) também podem afetar a sustentabilidade do programa.

A economista ressaltou que 2018 foi um ano em que o setor deixou de piorar e que a melhora é esperada para 2019. “Toda a expectativa do desenvolvimento do ano está na capacidade de o governo sinalizar encaminhamento para a questão fiscal”, afirmou.

Existia expectativa positiva de que já haveria uma reversão desse quadro de queda em 2018, segundo a economista. De acordo com Ana Castelo, estudo da Inter B. aponta que investimentos em infraestrutura em 2018 foram os piores em relação a anos eleitorais, embora não tenham caído na comparação com 2017.

Déficit habitacional - O diretor de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, afirmou que a sociedade brasileira precisa encontrar outros meios para enfrentar o déficit habitacional além do programa Minha Casa, Minha Vida. Outras fontes de financiamento, sejam do mercado de capitais ou da Letra Imobiliária Garantida (LIG) precisam ter segurança jurídica, ressalta o economista.

Além do déficit atual, há crescimento da demanda por moradias todos os anos em função da formação de novas famílias. “É difícil resolver a questão em um estado com um problema fiscal como o nosso”, disse Zaidan, ressaltando que o Brasil tem um déficit habitacional “enorme”.

Segundo o presidente do Sinduscon-SP, Odair Senra, a faixa 1 do programa habitacional - a mais dependente de subsídios - é muito importante, mas “vai hibernar” no atual cenário de déficit fiscal.

Na avaliação de Zaidan, o problema fiscal brasileiro não será resolvido antes de uma década. “Não sou pessimista, sou realista. Já temos uma carga tributária insustentável. Teremos de mantê-la, se é que não vão querer aumentá-la”, disse o economista.

Zaidan diz não conseguir ver de onde será possível tirar recursos para a faixa 1 do programa e compara que os bombeiros que estão trabalhando em Brumadinho (MG) - onde ocorreu o rompimento de uma barragem da Vale - estão com os salários atrasados. “O recado das urnas é que isso precisa ser resolvido de algum modo”, disse o economista.

O presidente do Sinduscon-SP ressaltou que as reformas são “muito importantes para continuidade da geração de emprego e renda”. “Renda e emprego são combustíveis para a aquisição da casa própria”, afirmou Senra.

Ele disse que as indicações do novo governo no que diz respeito à economia são positivas. “Falta muito por acontecer, a Câmara começou a funcionar agora, mas o viés parece ser positivo para uma economia liberal, que sempre vai a favor de quem trabalha melhor.”

Senra destacou que considera importante a aprovação das reformas. Segundo ele, as expectativas são positivas para o Brasil e para o setor de modo geral. Para a coordenadora da FGV Projetos o grande risco para o país é a questão fiscal.  

FONTE: VALOR ECONôMICO