A covid-19 causou impactos diretos no mercado de locação de imóveis residenciais e comerciais em pelo menos cinco capitais brasileiras. Levantamento realizado pela Apsa, corretora de imóveis com sede no Rio de Janeiro, mostra que a inadimplência no pagamento de aluguel está acima da média histórica em Salvador, Fortaleza, Maceió, Recife e na capital fluminense. A empresa realiza do estudo desde 2001.
Entre as cinco cidades pesquisadas, Salvador apresentou, em maio, inadimplência de 30% no mercado de locação, para uma média histórica de 7%. Em seguida vieram Fortaleza, com 18%; Maceió e Recife, ambas com 15%; e Rio, com 10%. A média histórica de inadimplência nessas cidades é, respectivamente de 6,8%, 6,7%, 5,2% e 4,1%.
O estudo considerou mais de sete mil imóveis sob sua administração nas cinco capitais.
O forte descolamento da inadimplência atual da média histórica em Salvador é explicado, segundo a Apsa, porque a capital baiana tem grande parte da economia relacionada, direta e indiretamente, ao turismo, atividade que está entre as mais afetadas pela pandemia devido às medidas de restrição de circulação de pessoas.
O gerente-geral de imóveis da Apsa, Giovani Oliveira, destaca que o comportamento da inadimplência em três das cinco cidades pesquisadas, apesar de bem acima das médias, apresentou redução frente a abril. Essa trajetória foi semelhante ao observado no mercado dos Estados Unidos, onde os dados do National Multifamily Housing Council (NMHC) mostraram um recuo da inadimplência nos aluguéis de 8,3% em abril para 6,7% em maio.
Em Salvador, a inadimplência no setor caiu de 33% para 30% entre abril e maio, enquanto no Recife oscilou de 19% para 15% no mesmo período, caindo de 20% para 15% em Maceió. Em Fortaleza se manteve em 18%, enquanto no Rio de Janeiro subiu de 9% para 10%.
O estudo da Apsa mostrou também que o fechamento de shoppings e comércios no país devido à covid-19 afetou com mais força os aluguéis de lojas e salas. Enquanto a média de inadimplência nas cinco cidades nas residências foi de 11% em maio, no segmento não comercial chega a 26%.
A falta de pagamento afeta também os aluguéis mais caros. Cobranças mensais acima de R$ 5 mil tiveram no mês passado média de inadimplência de 25%, percentual que ficou em 20% nos valores até R$ 500; 14% no custos entre R$ 501 e R$ 1 mil; e 9% nos aluguéis entre R$ 1.001 e R$ 5 mil.
“Sabemos que a moradia está no topo da pirâmide de prioridade de pagamento. Ninguém deixa de pagar suas despesas, principalmente relacionadas ao lar, se não tiver um motivo muito relevante”, disse Oliveira.