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15/06/2020

Os desejos do cliente do novo normal, no mercado imobiliário

Maior utilização da cozinha, busca por espaços destinados ao home office e inclinação por imóveis maiores: características do consumidor pós-Covid começam a se revelar

Pesquisa inédita que ouviu mais de 1,4 mil pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro mostra tendências valiosas sobre o consumo no Brasil num contexto pós-covid. O trabalho, realizado pela Loft, ouviu consumidores e corretores de imóveis no final de maio passado, período em que hábitos do “ novo normal” já vinham se sedimentando no coração e mentes de todos nós.

Um primeiro achado claro: as pessoas estão conferindo maior valor aos seus lares. Todos nós estamos passando e vamos passar mais tempo em nossas casas, a partir deste novo contexto. Sinal disso é o desejo manifestado pelos entrevistados por mais espaço. De acordo com a pesquisa, para 45% dos ouvidos, o período de isolamento social desperta o interesse por apartamentos maiores.

Há outros achados interessantes. O possível aumento do metro quadrado acompanha o desejo por uma área reservada ao trabalho remoto (70%). Além de profissionais virtuais, o momento pós-pandemia trará novos chefs, profissionais ou amadores: 46% estão utilizando mais a cozinha e reconhecendo o valor desse espaço na vida diária. O resultado é superior à expectativa dos respondentes pela utilização intensa nos próximos meses de serviços de entrega de alimentação (22%).

O cliente do pós-Covid investe na cozinha e pensa em fazer o mesmo com os outros espaços: quase ? considera realizar pequenas reformas no lar (32%), o que abre uma série de novas demandas de decoração e aperfeiçoamento de espaços anteriores que não existiam no “antigo normal”.

Paralelamente, há também uma valorização dos bairros e da atividade local. Com as medidas de isolamento social, 43% está priorizando os serviços de produtores e comerciantes da vizinhança.

E, ainda, um sentimento de que as melhores oportunidades estão por vir. Tanto que 52% confiam na redução de preço dos imóveis no curto/médio prazos:

O home office deixou de ser tendência para ser realidade - Antes permanecíamos uma fração dos dias em nossas casas. A partir de agora, os lares serão uma extensão da nossa vida social e profissional, com maior integração que gera, também, novas necessidades de separação destes dois mundos, inclusive física, dentro das casas.

Novas experiências digitais são essenciais, mas interações físicas ainda são muito bem vindas - A utilização crescente da cozinha revela que há espaço para explorar business que considerem a interação presencial, contanto que atendam a um objetivo de socialização dentro de ambientes controlados e confortáveis.

Tem espaço para conveniência e para a excelência - os novos hábitos que vem se revelando neste novo contexto pós-pandemia abrem espaço não só para serviços rápidos de conveniência, mas também para o consumo de bens sofisticados e prazerosos, como os ligados à cozinha. No novo normal, as pessoas vão necessitar ainda mais de atividades de relaxamento. Não somos máquinas.

Corretores - A pesquisa aponta também que os profissionais do mercado imobiliário estão otimistas com os rumos do mercado neste ano (77%). Com os novos desafios, 58% afirmam que aprenderam uma maneira nova de trabalhar - geralmente associada à praticidade e velocidade da realização dos negócios, resultante do aumento dos hábitos digitais dos clientes durante a pandemia - e 44% já notam mudanças nos desejos dos seus clientes para os imóveis.

Eles apontam que a jornada está mais digitalizada e a relação com clientes mais próxima: “O cliente quer ver fotos, acomodações, detalhes antes de ir conhecer o imóvel. Isso proporciona uma seleção muito boa para visitas. A facilidade é enorme”, disse um dos corretores entrevistados. A crise da covid provoca avanços no segmento da automação e desburocratização que levariam anos para acontecer. Hoje é possível comprar e vender ou reformar um imóvel sem sair da tela do seu computador. A escritura digital é uma realidade que se revela concluída em 15 minutos. Acredito que este seja apenas um exemplo do que se descortinará como avanços e facilitação para resolver novas demandas nestes novos tempos.

A necessidade de aumento da segurança sanitária de todos - prioridade máxima sempre - provavelmente ainda vai ser uma barreira para muitos negócios. É preciso virar rápido a chave para o “lado cheio do copo”. Novos hábitos, a medio prazo, significam novos business. A observação distanciada da História mostra que mudanças tão grandes como as que vivemos hoje são grávidas de oportunidades.

FONTE: VALOR ECONôMICO