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22/12/2021

O que esperar do setor de construção civil em 2022?

Segmento se manteve em alta mesmo durante a pandemia, mas expectativa para o próximo ano é de recessão econômica

Mesmo durante os momentos mais críticos da pandemia de Covid-19, o setor da construção civil se manteve forte no Brasil. De acordo com os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados em setembro, o setor cresceu 2,7% no segundo trimestre de 2021, mesmo com a economia nacional se mantendo em relativa estabilidade. Para o próximo ano, a expectativa é que o segmento se mantenha em alta, apesar da chance de recessão econômica.

Um aspecto que pode influenciar o crescimento do setor em 2022 são os investimentos represados. Durante a pandemia, muitas pessoas preferiram não entrar em grandes investimentos, que devem ser feitos a partir do próximo ano, conforme as restrições forem sendo diminuídas. Após quase dois anos enfrentando a pandemia, as pessoas estão buscando novas oportunidades e possibilidades, como reformas, mudanças e construção. Com o público consumidor mais seguro em relação ao andamento dessas obras, é possível que a demanda pelo setor venha forte a partir do próximo ano.

Outro fator que contribui para a projeção de um ano positivo para a construção civil é 2022 ser um ano eleitoral. Historicamente, às vésperas de eleições, os gastos públicos com obras e melhorias na infraestrutura aumentam, trazendo bons números para o setor. Por isso, mesmo frente à alta dos juros e de um cenário de incertezas na economia, a demanda por materiais e mão-de-obra para construção deve seguir crescendo.

Mercado imobiliário residencial

O mercado imobiliário residencial teve um papel importante para a manutenção do setor de construção civil nos últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), as vendas de imóveis aumentaram 26,1% em 2020 e, no segundo trimestre de 2021, houve alta de 72,1% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior.

Neste ano, um segmento que se destacou foi o mercado imobiliário de luxo, que registrou um crescimento de 32% em relação a 2020, conforme informações da Abrainc. O mercado de luxo em geral foi o setor que menos sofreu com a pandemia e, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o número de lançamentos de imóveis de luxo foi de 60.322 unidades no segundo trimestre de 2021.

Indústria e varejo

Com desempenho negativo, de acordo com dados do IBGE, os setores da indústria, comércio e serviços trazem preocupação para 2022. A escassez de insumos, inflação, alta dos juros e o mercado de trabalho fragilizado são alguns dos obstáculos para a retomada econômica no próximo ano.

Diferentemente do mercado imobiliário residencial, a construção civil de indústrias e pontos de varejo não pára, mas se adapta de acordo com as demandas do momento. Em um momento de retração de diversos setores, é esperado que as lojas e fábricas pausem, ao menos temporariamente, os planos de expansão, ampliação e reformas, focando apenas nos reparos essenciais.

Desafios

Com a escassez de insumos que afetou diversos setores da economia, a construção civil pode também enfrentar a falta de matéria-prima, o que pode atrasar obras e causar uma paralisação no segmento de forma geral.

O impacto da falta de insumos causa grandes impactos na construção civil, aumentando os custos, que já vêm de uma sequência de alta acumulada: entre outubro de 2020 e outubro de 2021, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) para materiais e equipamentos chegou a acumular 30,24%, um recorde para o período.  

FONTE: G1