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22/11/2016

Novos shoppings só saem do papel em 2018

Em setembro, a taxa de vacância dos shoppings estava em 5,2% e em outubro de 2015, era de 3,7%

A retomada de projetos de novos shopping centers, os "greenfields", só deve acontecer após 2018, pelos cálculos das grandes empresas de capital aberto do setor. Os empresários mais otimistas têm mencionado a possibilidade de anunciar planos de construção de empreendimentos na segunda metade de 2017, se a economia der sinais de alguma recuperação.

As companhias estão com investimentos em novos empreendimentos congelados desde 2014 - no fim do último grande ciclo de crescimento desse setor, que durou de 2011 a 2014. Entre os últimos projetos anunciados nessa fase, e atualmente em construção, está o ParkShoppingCanoas, da Multiplan, a ser aberto em setembro do ano que vem, e com contrato assinado em 2013.

A próxima abertura da BRMalls também está prevista para setembro de 2017. Será o Shopping Estação Cuiabá, anunciado três anos atrás. José Isaac Peres, presidente da Multiplan, mencionou para analistas, semanas atrás, que uma retomada de projetos "greenfields" pode ficar para 2017 ou apenas 2018, com a volta do crescimento econômico. "Estamos no fim de um ciclo econômico difícil, e não esperamos retomada forte antes do segundo trimestre do ano que vem", disse a analistas Frederico Villa, diretor financeiro da BRMalls.

De acordo com Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW, consultoria especializada em shoppings, sua empresa voltou a ser procurada nas últimas semanas por investidores para analisar a viabilidade de novos projetos no país. "Mas até fazerem o anúncio ao mercado, ou seja, bater o martelo vai um bom tempo. É difícil a gente ter um volta desses projetos tão cedo, porque temos uma base de lojas desocupadas ainda alta, e são bons pontos vazios", disse ele.

Em setembro, a taxa de vacância dos shoppings estava em 5,2% e em outubro de 2015, era de 3,7%, disse ele. "Já atingiu 6,8% em maio, portanto, caiu, mas ainda está alta". A decisão de voltar a ampliar investimentos, implicando pressões maiores em dívida, tem que considerar o quadro atual das empresas. Os números publicados nos últimos dias mostram a maioria das companhias com queda no lucro ou com prejuízo no período de julho a setembro em relação ao ano anterior. O nível de alavancagem, por outro lado, está mais confortável hoje do que estava um ano atrás, o que abre caminho para novos investimentos futuros.

Na Multiplan, Iguatemi e Sonae Sierra, os lucros caíram de julho a setembro em relação ao ano anterior, e na Aliansce, o ganho de R$ 120 milhões virou perda de R$ 5 milhões. Apenas na BRMalls houve uma virada, com prejuízo de R$ 220 milhões virando lucro de R$ 35,5 milhões. Na atual conjuntura, de receitas dos lojistas em desaceleração, a maioria das empresas de shoppings que divulga inadimplência sentiu aumento da taxa sobre 2015 - caso de BRMalls, Multiplan e Aliansce. Renegociações com varejistas, para devolução de áreas, cresceram devido a atrasos nos pagamentos desde 2015, tanto com lojas-satélites (de menor porte) e com lojas-âncoras (como grandes redes de moda e itens esportivos). Aliansce, JHSF, Sonae Sierra e BRMalls, por exemplo, iniciaram negociações, no primeiro semestre, de títulos em aberto - no caso da Aliansce, isso envolveu, inclusive, renegociações com lojas-âncoras.

Os acordos abriam a possibilidade de devolução de áreas ocupadas, de forma total ou parcial. Numa análise mais de curto prazo, entre o segundo e o terceiro trimestres, porém, os atrasos de pagamentos perderam força pela primeira vez desde o início do aumento na inadimplência, segundo algumas companhias. A Multiplan mencionou a analistas, em teleconferência neste mês, sinais de estabilidade no ritmo de descontos concedidos temporariamente aos lojistas. A JHSF admitiu, na semana passada, que reduziu os descontos em todos os seus shoppings no terceiro trimestre do ano.

Apesar da indicação de um movimento de redução nos descontos, a taxa de ocupação dos shoppings - que retrata a velocidade de fechamento de lojas - ainda segue pressionada e sente os efeitos da recessão. Esse índice caiu em quase todos os grupos em relação a 2015 - ocorreu nos casos de Aliansce, JHSF, General Shopping, BRMalls, Iguatemi e Multiplan. Mesmo numa análise de curto prazo, em relação ao segundo trimestre, 4 das 7 empresas ainda têm taxa de ocupação em queda. Em relação à receita líquida, há uma expansão acumulada no ano e no terceiro trimestre ainda na faixa de um dígito magro, reflexo da forte queda no consumo do país. Entre as empresas analisadas, BRMalls e General Shopping tiveram recuo nas vendas líquidas de julho a setembro (de 4,3% e 4,9%). 

FONTE: VALOR ONLINE