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30/08/2021

Novos projetos tentam fazer valorização dos imóveis cruzar de vez o rio Pinheiros

Empreendimento com cinco torres residenciais de alto padrão, shopping e hospital está em construção no Parque Real

O bairro Cidade Jardim aparece na sexta colocação no levantamento da consultoria Brain Inteligência Estratégica, entre os imóveis novos, com metro quadrado médio a R$ 21.743.

A região, na margem oeste do rio Pinheiros, é considerada pelos especialistas do setor imobiliário como uma das mais valorizadas da cidade, por causa da proximidade com o “centro da alta renda” da capital, como define Fabio Araújo, sócio-diretor da Brain —basta cruzar uma ponte.

Historicamente, a margem oeste, no Morumbi, tem mais casas do que o lado oposto, e a valorização tem amplitude maior do que na margem oposta.

“O Morumbi é um caso complexo, é uma área muito grande com diversos bairros dentro dele”, diz Matheus Fabrício, diretor-executivo da imobiliária Lopes. Ele afirma que a região tem desde bairros com metro quadrado baixo, próxima de comunidades como Paraisópolis e que sofrem mais com o trânsito, até regiões com imóveis a R$ 40 mil o metro quadrado. A presença de casas e de terrenos que permitam condomínios de casas é um dos fatores que atraem e fixam os moradores na região —e a pandemia intensificou o desejo de morar na horizontal. Segundo os especialistas, as áreas mais buscadas são no entorno do Cidade Jardim, no Jardim Guedala e próximo ao Jockey Club.

“A pessoa vai no Jardim Europa e América e vê casa de 600 quadrados custando R$ 12 milhões, aí atravessa a ponte Cidade Jardim e a casa desse mesmo tamanho custa metade do preço”, diz Marco Túlio, diretor-executivo da Esquema Imóveis.

Eles perceberam um aumento de 42% nas vendas na região em 2020, na comparação com 2019, e o movimento de alta continua —no primeiro semestre de 2021, foi comercializado o equivalente a 90% do total de 2020 nesses bairros.

“É um mercado que estava muito parado há 5 anos, principalmente por causa da segurança, mas a associação de bairro fez um trabalho muito forte no Jardim Guedala, investiram em segurança e percebemos melhora”, diz Túlio.

É próximo dali que está sendo construído o Parque Global, um dos maiores empreendimentos imobiliários do país. Em terreno de 218 mil metros quadrados, ele terá cinco torres residenciais, shopping, hospital, hotel e espaço para faculdade e colégio.

Apesar da previsão de entregar as duas primeiras torres residenciais em 2023, o projeto não é novo. O Parque Global foi lançado em 2013, mas teve a obra embargada por cinco anos. Nesse período, o empreendimento foi alterado até tomar a forma atual. O VGV (valor geral de vendas) aumentou de R$ 8 bilhões para mais de R$ 10 bilhões.

Segundo Luciano Amaral, diretor-geralda incorporadora Benx, do grupo Bueno Netto, que desenvolve o projeto, as duas primeiras torres estão 98% vendidas, a terceira está em 80% e a quarta, lançada em junho, já foi 35% comercializada. A quinta e última será lançada em março do ano que vem.

Os apartamentos vão de 142 a 346 metros quadrados, e custam de R$ 3 milhões a R$ 8 milhões, o que resulta em um metro quadrado comercializado entre R$ 21 mil e R$ 23 mil.

O Parque Global terá ligação com o parque Bruno Covas, previsto para ter sua primeira etapa inaugurada no final deste ano.

O grupo Bueno Netto faz parte do consórcio que está investindo R$ 30 milhões para criar o parque linear, parte do projeto Novo Rio Pinheiros, do governo do estado. A meta é despoluir o rio, melhorar as ciclovias que já existem, criar a área verde e converter a Usina São Paulo em espaço de escritório, lazer e restaurantes. O investimento total é de mais de R$ 3,5 bilhões.

Para Araújo, da consultoria Brain, as margens do rio Pinheiros podem ser um novo ponto de valorização na cidade. “No mundo, os principais endereços estão ao redor dos rios, e acredito que São Paulo finalmente está na bica de ter isso no eixo do rio Pinheiros, mas vai levar muito tempo para ter a oferta de amenidades urbanas que existe na região tradicional de São Paulo”, afirma, ressaltando a importância da concentração de empresas para a atratividade do local.

Matheus Fabrício, diretor-executivo da Lopes, vê o projeto de revitalização com cautela, principalmente como indício de valorização da região.

“O mercado já errou várias vezes em relação a isso, não vejo hoje algo próximo, que finalmente vão limpar o rio e fazer marginal de serviços. Existem planos ambiciosos, mas é algo muito complexo a ponto de investir em imóvel pensando nisso, a não ser que se tenha um prazo de 20 ou 30 anos”, afirma.

FONTE: FOLHA DE S.PAULO