As mudanças previstas no projeto de lei de revisão do zoneamento da cidade de São Paulo vão encarecer ainda mais os preços dos imóveis na capital, segundo o Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
O setor já enfrenta uma elevação nos custos desde 2014, por causa de regras do novo Plano Diretor que causaram alta nos valores de terrenos e taxas necessárias para construção de prédios maiores.
De janeiro a maio deste ano, o número de unidades residenciais lançadas na capital caiu 15% em relação ao mesmo período de 2014, enquanto nas demais cidades da região metropolitana houve um aumento de 25%.
A ampliação das exigências na capital deverá reforçar essa a migração.
"Se o empreendedor não consegue viabilizar o projeto aqui [em São Paulo], vai fazer na cidade vizinha", diz ele. "O preço é mais atrativo, a pessoa vai morar lá, mas continua trabalhando aqui, o que desvirtua o objetivo de melhora da mobilidade."
Com o Plano Diretor, já existia uma previsão feita pelo Secovi-SP de que, em cerca de 70% dos novos projetos imobiliários, haveria um aumento médio de 5% no preço final das unidades.
A priorização de empreendimentos em eixos de transporte de massa, como nas proximidades de estações de metrô e corredores de ônibus, também fez com que houvesse um aumento nos preços dos terrenos nesses locais.
"Está muito complicado porque ficou difícil viabilizar os empreendimentos. Até dois meses atrás nenhum projeto havia sido aprovado no novo Plano Diretor", diz.
"Agora, há dispositivos no projeto da lei de zoneamento enviado à Câmara que elevam ainda mais os custos."
Queixas - Entre os pontos questionados pelo Secovi-SP está a obrigatoriedade de criação de loteamentos para empreendimentos que ocupem mais de 15 mil metros quadrados – hoje, não existe limitação.
Nesses projetos de loteamentos, o empreendedor tem de doar ao poder público 40% do espaço total para áreas verdes e ruas. "Só isso aumenta o custo da unidade final em mais 8%."
O endurecimento da norma que proíbe prédios com mais de oito andares nos miolos dos bairros, fora dos eixos de transporte de massa, é outra questão levantada.
Também há o receio de que não haverá demanda suficiente para a ocupação de áreas comerciais no térreo de edifícios mistos, cuja construção será incentivada.
Os temas foram levados pelo Secovi-SP ao prefeito Fernando Haddad em uma reunião há duas semanas.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano não informou o número de projetos aprovados neste ano. Em nota, afirmou que avalia as demandas e que elas poderão ser debatidas em audiências públicas na Câmara, antes da aprovação final da lei.