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27/04/2018

Mais pessoas vivem em casas cedidas

Os dados são da pesquisa “Características gerais dos moradores e dos domicílios 2017”, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad)

Com a recessão ainda batendo à porta dos orçamentos familiares, cresceu em 2017 o número de brasileiros vivendo em moradias cedidas por terceiros, como algum parente ou amigo. O número de domicílios cedidos cresceu 7% em relação a 2016, chegando a 6,1 milhões de lares, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados são da pesquisa “Características gerais dos moradores e dos domicílios 2017”, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). O IBGE considera como cedido quando a pessoa ou a família não paga aluguel para morar no imóvel, arcando apenas com taxas como o condomínio. “São pessoas que estão morando em imóveis emprestados”, afirmou a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira.

Fernanda Constantino e Maria José Minghello conhecem bem a situação de morar na casa de terceiros. Fernanda foi morar em um apartamento do pai em Santa Teresa, no Rio, logo depois de ficar grávida. Maria José foi morar com a irmã quando ficou sem emprego e o filho perdeu a pensão que recebia do marido dela já falecido.

O movimento foi mais forte nas Regiões Sudeste (alta de 13% no número de domicílios cedidos) e Norte (avanço de 12,9%). Em São Paulo, o crescimento foi de 15,6%, com 193 mil domicílios cedidos a mais na passagem de 2016 para 2017. No Rio, o avanço foi de 11,4%, ou 42 mil lares cedidos a mais.

O aumento nos imóveis cedidos foi compensado pela queda nos domicílios em moradias

Mudança - Próprias, mas cujos financiamentos ainda estão sendo pagos. O número de domicílios próprios ainda sendo financiados caiu 4,5% de 2016 para 2017, para 3,927 milhões.

“O aumento dos imóveis cedidos parece efeito da crise”, disse Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O período do segundo semestre de 2014 até o primeiro semestre de 2017 pode ser chamado de os “piores anos” do mercado imobiliário, segundo o dirigente empresarial. Por causa da inflação, do crescimento do desemprego e do encolhimento da renda, houve queda na demanda por crédito e nas vendas.

Ainda assim, os dados do IBGE apontam que a maioria das moradias do País pertence aos moradores: 67,9% dos domicílios são próprios e já foram quitados. O contingente de domicílios alugados ficou em 17,6% em 2017, nível semelhante ao de 2016 (17,5%).

Hoje Fernanda não mora mais no apartamento do pai. Se mudou: “Saímos do Rio por causa da violência. Moramos em Juiz de Fora, com mais qualidade de vida”.

Maior para que ela pudesse voltar a morar sozinha com seu filho, que também trabalha. “Apesar do ambiente em casa ser ótimo, meu maior desejo é voltar a morar na minha própria casa. Brinco que só vou conseguir, se eu ganhar na loteria.”

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO