O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou no início da tarde desta quarta-feira o nome do servidor Carlos Antônio Vieira Fernandes para o cargo de presidente da Caixa Econômica Federal. Segundo interlocutores, Vieira foi um dos nomes apresentados pelo bloco de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, para assumir o comando do banco no lugar de Rita Serrano.
Carlos Antônio Vieira Fernandes é economista e servidor de carreira da Caixa. No primeiro mandato da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), ele assumiu a secretaria-executiva do Ministério das Cidades. Na época, o titular da pasta era o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado de Lira.
O governo federal anunciou a decisão depois de um reunião de Lula com Rita Serrano, que estava marcada para as 12h.
Apesar de resistir há alguns meses, a cadeira de Rita estava prometida ao Centrão desde o recesso parlamentar. Nos últimos dias, o Executivo tinha voltado a sofrer pressão para resolver o impasse em torno da substituição dela.
Os recados se intensificaram principalmente depois que o presidente da Câmara ficou "enfurecido" com uma exposição de arte, patrocinada pela própria Caixa, que tem, entre suas obras, a imagem de Lira dentro de uma lata do lixo.
Lira não conversou com a cúpula do governo petista nos últimos dias, mas, de acordo com fontes, deputados do círculo dele trataram de mandar recados ao Palácio do Planalto sobre a "revolta" do alagoano com a exposição autorizada por Rita.
Segundo interlocutores, por conta disso, congressistas próximos ao presidente da Câmara passaram a alertar o governo petista, mais recentemente, que a situação precisa ser resolvida antes do fim do ano.
As negociações para a troca de Rita Serrano haviam empacado, no início do segundo semestre, diante da exigência do Centrão em assumir o banco com "porteira fechada", ou seja, liberdade de nomear seus indicados para todas as vices.
Ainda que ceda o controle do banco, Lula pretende manter intocadas algumas vice-presidências, como a de Habitação, responsável, pelo Minha Casa Minha Vida, programa que é uma das principais bandeiras eleitorais do Executivo.
Apesar disso, alguns nomes do Centrão teriam feito aceno, recentemente, sobre a possibilidade de aceitaram o comando da Caixa, sem necessariamente controlarem o setor de habitação.