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03/10/2017

Lucro da Odebrecht Engenharia e Construção cai 97%

O desempenho reflete a variação cambial no intervalo, a redução da carteira de projetos e a piora do resultado financeiro.

Fernanda Pires, Rodrigo Rocha e Renato Rostás

A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) teve lucro líquido de R$ 55,3 milhões no primeiro semestre do ano, queda de 97% sobre o mesmo período de 2016, quando registrou resultado positivo de R$ 1,8 bilhão, apurou o Valor. O desempenho reflete a variação cambial no intervalo, a redução da carteira de projetos e a piora do resultado financeiro. A receita líquida recuou 31% no primeiro semestre na comparação anual, para US$ 1,91 bilhão (cerca de R$ 6,1 bilhões, queda de 41,3%). A companhia é um dos braços do grupo Odebrecht, que tenta se reerguer após o envolvimento na LavaJato.

A receita bruta totalizou US$ 1,94 bilhão no período, recuo de 32%. Os negócios no Brasil, responsáveis por 16% do faturamento, tiveram a maior retração: de 54%, para US$ 310 milhões. No exterior, a queda se deu em ritmo mais lento mas ainda assim acentuado, caindo 25%.

Os números da receita constam de release de resultados divulgado pela Odebrecht para investidores e ao qual o Valor teve acesso.

No texto, a empresa explica que a redução no faturamento se deveu principalmente à diminuição de serviços para garantir que a conclusão dos contratos corresponda à capacidade de pagamento em curso dos clientes; e à diminuição de novas contratações da empresa.

A OEC encerrou junho com uma carteira de contratos de US$ 15 bilhões distribuídos em 113 contratos. Do valor total, 70% correspondem a contratos internacionais e o restante a firmados no Brasil. No fim de 2016, a carteira era de US$ 16,7 bilhões. No primeiro semestre, um contrato de US$ 99 milhões no México foi cancelado pelo cliente e outro de US$ 100 milhões no Brasil foi excluído por questões de funding.

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 29%, para US$ 168 milhões. Em reais, a queda seria de 39,4%, para R$ 534 milhões. A margem Ebitda, no entanto, subiu 0,3 ponto percentual, para 8,8%. De acordo com a empresa, a alta da margem reforça a qualidade das novas contratações e a melhora da rentabilidade

da empresa, "atendendo aos nossos esforços para reduzir custos, racionalizando estruturas e processos", informa no release.

O resultado financeiro foi negativo em US$ 98 milhões no primeiro semestre ante resultado financeiro positivo de US$ 453 milhões no mesmo período de 2016. Convertendo em reais, os números ficariam respectivamente em R$ 311 milhões negativos e R$ 1,7 bilhão positivos.

A alavancagem medida pela dívida líquida mais garantias (asseguradas por bônus de US$ 3 bilhões da Odebrecht Finance) sobre o Ebitda terminou o semestre em 5,81 vezes, aumento de 1,38 ponto sobre dezembro de 2016.

Hoje a OEC é cerca de um terço do que era há dois anos. Não somente por conta da Lava-Jato, mas também devido à queda de demanda de clientes cuja geração de caixa depende muito de commodities como o petróleo, cujo preço há dois anos estava em queda. São os casos de países como Angola e Venezuela. Com isso, obras que a OEC fazia em três anos vêm sendo alongadas para seis, por exemplo.

As perspectivas, contudo, são de recuperação. Neste semestre a OEC já conquistou três novos contratos que perfazem US$ 1,7 bilhão. 

 

 

 

 

FONTE: VALOR ECONôMICO