Depois de empresários da região terem indicado a intenção de construir novos bairros para absorver a demanda crescente, agora é a vez de uma empresa gaúcha, de Pelotas, se interessar pela cidade, com um projeto de R$ 15 bilhões de VGV e inspirado em cases como o Riviera de São Lourenço, do litoral paulista, e o Nordelta, de Buenos Aires.
A Idealiza Cidades, especializada em empreitadas desse tipo, pretende ocupar uma área de 250 hectares às margens do Rio Paraíba, em uma das regiões que devem concentrar o crescimento urbano da capital nos próximos anos.
A localização fica próxima à Ponte do Futuro, obra estadual orçada em cerca de R$ 1 bilhão e prevista para 2026, tratada como um dos principais vetores de expansão da cidade.
O projeto - ainda em fase de aprovação - terá uso misto, com áreas residenciais, comerciais e corporativas, e será implantado em etapas ao longo dos próximos 15 anos.
Além desse empreendimento, o Grupo Holanda, uma das maiores construtoras do estado, comprou 50 hectares para desenvolver um bairro perto do polo turístico do Cabo Branco, e o prefeito Cícero Lucena (MDB) confirmou que os donos da rede Novo Atacarejo têm um projeto para uma área de 450 hectares, onde ficava a antiga fábrica Cimepar.
“O que estamos vendo em João Pessoa é um ambiente favorável a empresas que querem fazer urbanismo de longo prazo, e não apenas lançamentos pontuais,” Fabiano de Marco, o CEO da Idealiza Cidades, disse ao Metro Quadrado.
Além do bairro, a companhia também vai lançar um condomínio pé-na-areia na Praia do Seixas, Zona Sul da capital.
Batizado de Reserva Coqueiral, o empreendimento terá 187 lotes residenciais voltados para casas de alto padrão, em um terreno de 100 mil m², com VGV estimado em R$ 500 milhões.
As duas áreas foram adquiridas por meio de permuta – modelo em que o pagamento é feito com produto imobiliário ou com fluxo de recebíveis.
Os novos projetos reforçam o boom imobiliário que João Pessoa tem vivido.
A capital foi a terceira com maior alta do preço médio de imóveis em 2024, segundo o índice FipeZap.
Em bairros à beira-mar, como Cabo Branco, o metro quadrado já ultrapassa R$ 20 mil, um patamar considerado elevado para os padrões locais.
A cidade tem vivido uma combinação de crescimento populacional acima da média, a escassez de terrenos na orla e o aumento da procura de compradores de fora do estado - o que gera apetite para novos projetos.
Fundada em 2005, a Idealiza Cidades atua como master developer - modelo em que estrutura a infraestrutura urbana e áreas comuns antes de desenvolver ou licenciar os produtos imobiliários.
A empresa, que espera terminar 2025 com R$ 1 bi de faturamento, é responsável por projetos como os Parques Una, presentes em Pelotas, Uberlândia e São José dos Campos.
O primeiro negócio da empresa em João Pessoa, o do condomínio da Praia do Seixas, surgiu de uma negociação iniciada em 2020, quando tentou comprar o terreno, então de um grupo de investidores espanhóis. O acordo foi fechado apenas neste ano.
Com a operação concluída, a Idealiza foi procurada por um empresário local interessado em desenvolver uma segunda área - a antiga fazenda de cana-de-açúcar do outro lado do Rio Paraíba, hoje destinada ao novo bairro planejado.
“João Pessoa está mais hypada do que eu imaginava. E é um hype que estamos desfrutando,” disse Fabiano.
