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17/12/2015

Interesse em pós-fixado deve aumentar em 2016

Há diversas aplicações em renda fixa disponíveis aos clientes, desde a poupança, passando por uma amplo portfólio de fundos de investimentos de curto e longo prazos, até as Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

Denise Bueno 

Os investimentos em ativos de renda fixa são apontados pelos gestores de recursos como a maneira mais segura de proteger o dinheiro diante das incertezas do cenário interno e externo. Dos quase R$ 3 trilhões do patrimônio líquido dos todos os fundos domésticos até novembro, somente três categorias de ativos mantinham captação líquida positiva no ano: renda fixa simples, renda fixa duração baixa soberano e renda fixa duração baixa grau de investimento, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

É compreensível que os investidores estejam com pouca disposição para correr riscos. No cenário interno, a instabilidade política causada pelo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não deve ser resolvida a curto prazo, o que aumenta as incertezas sobre a economia brasileira. Aliado a isso, cresce a preocupação com novo rebaixamento do rating do país, com a expectativa de alta dos juros americanos e com a desaceleração da China. Sem ainda ter uma luz que traga um cenário mais previsível, a preferência recai naturalmente sobre os fundos de renda fixa, que apresentaram rentabilidade nominal média de 11% acumulada no ano até novembro e real acima de 2%, superada apenas por moedas estrangeiras e ouro.

Com a Selic em 14,25% ao ano e projeções para subir para 15,25% em 2016, o investidor passa a ter maior interesse em pós-fixado. Aquele com um pouco mais de estômago para assumir risco em papéis pré-fixados indexados à inflação também pode se beneficiar. "Vai ser parecido com o que vimos em 2015. Fundo DI renda fixa e fundo de crédito crescem em patrimônio e as outras decrescem", diz Marcelo Mello, responsável pela gestora de ativos da SulAmérica.

Com o elevado grau de incertezas, principalmente com a trajetória fiscal, da dívida e da política, a recomendação para 2016 é de cautela, segundo Alexandre Mathias, responsável pela área de desenvolvimento de produtos e negócios da Bradesco Asset Management, que administra cerca de R$ 350 bilhões em renda fixa. O maior juro real do mundo favorece a renda fixa, mas nem isso neutraliza o cenário previsto para o primeiro semestre do próximo ano.

"É preciso deixar claro que renda fixa é um ativo que também tem seu risco", acrescenta Rudolf Gschliffner, superintendente de private banking do Santander. "Os papéis flutuam de preço e quanto mais longo, maior a flutuação e impacto no preço do título", reforça Mathias, do Bradesco. "Para capturar a inflação e o juro real, o investidor tem de apostar em prazo mais curto. Se pegar longo prazo vai ter de encarar o risco país."

A opção da aposta no pós-fixado deve continuar em 2016, segundo Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama, porém com papéis de vencimentos mais curtos. Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil, cita as diversas aplicações em renda fixa disponíveis aos clientes, desde a poupança, passando por uma amplo portfólio de fundos de investimentos de curto e longo prazos, até as Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). "Entre os benefícios da LCI e LCA temos a isenção de Imposto de Renda e não incidência de IOF", ressalta.

Com uma clareza maior e perspectiva sobre o rumo da Selic, a tendência citada pelos gestores é que os prêmios dos papéis com vencimentos mais longos tenham rentabilidade maior do que os dos curto prazo. Por outro lado, se houver aumento da Selic menor que o projetado pela curva futura de juros, as posições pré-fixadas podem ser uma alternativa interessante. Aplicações vinculadas ao CDI e título públicos indexados à inflação com vencimento em até cinco anos são tidos como as opções de investimento mais citadas em 2016. O índice IMA-B5, que mede o desempenho das NTN-Bs com prazos de resgate de até cinco anos, acumula valorização média de 13% até o final de novembro.

Aplicações vinculadas ao CDI são atrativas pelo baixo risco e pela perspectiva de maior rendimento com a alta de juros esperada. Mas isso sem descuidar da inflação, que está embutida nas NTN-Bs, segundo o gestor do Santander.

 

 

FONTE: (VALOR ONLINE