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27/01/2022

Incorporadoras tendem a reforçar lançamentos no 1º trimestre

Desde o fim do terceiro trimestre, as vendas de imóveis residenciais, principalmente dos destinados à classe média, desaceleraram

As incertezas em relação à economia e à política tendem a levar incorporadoras a lançar, no primeiro trimestre, percentual maior de projetos do que ocorre, tradicionalmente, no período. Em geral, o primeiro trimestre é o mais contido do ano na apresentação de empreendimentos ao mercado, em decorrência do calendário de férias, de vencimento de contas anuais de potenciais clientes e da necessidade de venda do expressivo volume de lançamentos realizado, sazonalmente, no quarto trimestre.

Em entrevista recente ao Valor, o diretor de crédito imobiliário, relações institucionais e com investidores da Cury, Ronaldo Cury, informou que a incorporadora um primeiro trimestre “muito forte”, mas que avalia o ano com cautela. Caso a velocidade de vendas caia, a Cury irá segurar projetos. Em 2021, a companhia teve lançamentos e vendas recordes, com expansões de 79,8% e 90,7%, respectivamente.

Segundo o presidente da Moura Dubeux, Diego Villar, a companhia viverá “um bom ciclo de lançamentos”, no primeiro trimestre, com projetos em Salvador, Recife, Fortaleza e Natal. De acordo com Villar, a companhia começou janeiro “com muitas vendas”.

Assim como a Cury, a incorporadora com atividades concentradas no Nordeste registrou recordes operacionais em 2021. No quarto trimestre, dois lançamentos da Moura Dubeux foram postergados devido a atrasos na obtenção de licenças.

Com juros e inflação em alta, incorporadoras passaram a adotar, desde o fim do ano passado, postura mais cautelosa em relação às suas metas. Em vez de informar projeções de lançamentos, como foi comum nos últimos dois anos, o setor retomou o discurso recorrente na crise do último ciclo de que a tomada das decisões ocorrerá conforme as condições de mercado.

Voltou a ser mais frequente também a fala de que há capacidade para manter ou elevar o Valor Geral de Vendas (VGV) apresentado, mas que será feito monitoramento, ao longo de 2022, se é hora de lançar empreendimentos e com que perfil.

Desde o fim do terceiro trimestre, as vendas de imóveis residenciais, principalmente dos destinados à classe média, desaceleraram.

De outubro a dezembro, as vendas líquidas conjuntas de Cury, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Lavvi, Melnick, Mitre, Moura Dubeux, MRV&Co, Plano&Plano, RNI e Tenda aumentaram 4,3%, para R$ 8 bilhões na comparação anual. A expansão é modesta em relação aos 22,5% de crescimento, no acumulado de 2021, para R$ 28,7 bilhões.

No quarto trimestre, os lançamentos conjuntos tiveram alta de 21,1%, para R$ 12,4 bilhões e, no ano, incremento de 43,7%, para R$ 36,8 bilhões.

Para 2022, as expectativas de representantes setoriais vão de encolhimento do mercado até, no máximo, estabilidade. Se houver melhora conjunta do desempenho das incorporadoras, será uma surpresa para todo o mercado

FONTE: VALOR ECONôMICO