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29/07/2015

Incorporadoras devem ter resultado fraco

A média para a receita líquida aponta queda de 36%, para R$ 321,88 milhões

Chiara Quintão

Os números que a Tecnisa divulga hoje abrem a temporada de balanços do segundo trimestre do setor. A expectativa é de resultados mais fracos do que os do mesmo período do ano passado para as incorporadoras em geral, em decorrência de menores lançamentos e vendas, da queda da confiança do consumidor, do aumento das taxas de juros, das restrições de crédito imobiliário e dos distratos. Por outro lado, há tendência de continuidade da geração de caixa.

A média das projeções do Credit Suisse, Itaú BBA e Votorantim Corretora aponta que a Tecnisa terá lucro líquido de R$ 28,62 milhões no segundo trimestre, valor 64,3% menor do que o do mesmo período do ano passado. A média para a receita líquida aponta queda de 36%, para R$ 321,88 milhões

Há expectativa que os lançamentos e as vendas da Tecnisa no trimestre tenham caído, pois a companhia concentrou suas atenções na redução de estoques e entrega de empreendimentos. Analistas esperam geração de caixa pela companhia de abril a junho.

O lucro líquido da Cyrela, maior incorporadora de capital aberto, foi de R$ 102,34 milhões, conforme a média das projeções de BTG Pactual, Credit, Itaú BBA, J.P. Morgan e Votorantim Corretora, retração de 39,4% ante o indicador registrado um ano antes. A média para a receita líquida ficou em R$ 1,083 bilhão, queda de 20%.

O Itaú BBA espera que os resultados da Cyrela sejam, outra vez, impactados negativamente por provisões trabalhistas e entrega de unidades em atraso. O Credit Suisse prevê geração de caixa de R$ 180 milhões e o Itaú BBA, R$ 100 milhões. Considerando – se apenas a parte própria, a Cyrela lançou R$ 861 milhões no trimestre, 6% acima de um ano antes e vendeu R$ 618 milhões, queda de 42%.

Para o lucro da MRV Engenharia, a média das estimativas de Credit, Itaú BBA, J.P. Morgan e Votorantim é de R$ 113,7 milhões. O número é 15% menor do que os R$ 134 milhões do segundo trimestre de 2014 (sem considerar os resultados não recorrentes da subsidiária Log Commercial Properties). A receita líquida média projetada, de R$ 1,05 bilhão, supera a de abril a junho de 2014 em 3,6%.

O Credit cita que a Prime, subsidiária da MRV no Centro¬Oeste, continuará a ter impactos negativos no resultado da incorporadora e que as despesas de vendas continuarão elevadas. Esses dois fatores devem ser compensados, na avaliação do Credit, por maior reconhecimento de receita e pelo incremento nos resultados financeiros. É esperada geração de caixa. O Itaú BBA prevê aumento nas margens ante o primeiro trimestre.

A Gafisa vai apresentar lucro líquido no trimestre, conforme BTG, Credit, Itaú BBA, J.P. Morgan e Votorantim, após o prejuízo da companhia de R$ 851 mil um ano antes. A média das projeções é de lucro líquido de R$ 21,73 milhões. O J.P Morgan avalia que a companhia terá resultados fracos, com lucro líquido de cerca de R$ 12 milhões e margem líquida de 2%.

A média das estimativas indica queda de 7,2% na receita líquida da Gafisa, para R$ 533,23 milhões. A Tenda, divisão de baixa renda, terá uma fatia maior no total da receita da companhia, o que explica a mudança do resultado líquido, de acordo com o Credit. O J.P. Morgan estima que o fluxo de caixa livre da Gafisa será levemente negativo.

Para a Even e a EZTec, as projeções do BTG, do Credit, do Itaú BBA e do J.P. Morgan indicam queda do lucro líquido e da receita. No caso da Even, a média das estimativas para o lucro é de R$ 40 milhões, 18,4% abaixo de um ano antes. A receita média projetada para a companhia é de R$ 464 milhões, queda de 19%. O J.P. Morgan espera que a Even tenha margens mais elevadas e pequena geração de caixa positiva.

De acordo com a média das projeções, o lucro líquido da EZTec terá queda de 12,3%, para R$ 107 milhões, enquanto a receita líquida cairá 6,7%, para R$ 210 milhões. O Itaú BBA espera que a companhia gere caixa entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões no segundo trimestre. O J.P. Morgan avalia que a Eztec continuará com as melhores margens do setor, apesar de pequena contração, e terá retorno sobre patrimônio (ROE) de 16%.

Já PDG Realty e Rossi Residencial devem mostrar prejuízo líquido no segundo trimestre. A média das projeções de Credit, J.P. Morgan e Votorantim indica prejuízo líquido de R$ 183,3 milhões para a PDG, 35,3% acima do mesmo período do ano passado. A receita líquida da PDG terá queda de 48,6%, conforme a média das estimativas, para R$ 475,9 milhões.

De acordo com o Credit Suisse, velocidade de vendas mais baixas e incrementos nos distratos devem pesar nos resultados da PDG. O banco de investimentos espera geração de caixa pela PDG de R$ 150 milhões e avalia que a menor disponibilidade de crédito parece estar interrompendo a capacidade da companhia de acelerar a transferência dos recebíveis dos seus clientes para os bancos.

De acordo com o Credit Suisse, velocidade de vendas mais baixas e incrementos nos distratos devem pesar nos resultados da PDG. O banco de investimentos espera geração de caixa pela PDG de R$ 150 milhões e avalia que a menor disponibilidade de crédito parece estar interrompendo a capacidade da companhia de acelerar a transferência dos recebíveis dos seus clientes para os bancos.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO – PáG. B4