Por Circe Bonatelli
As condições favoráveis de contratação dentro do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) têm atraído um número crescente de incorporadoras para o segmento. Exemplo disso é a Cavazani, empresa familiar de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, que está se preparando para quase dobrar de tamanho. A incorporadora vai lançar 5,6 mil apartamentos nos próximos dois anos na região. O montante é 80% maior do que as 3 mil unidades já entregues pela empresa desde sua fundação, em 2008.
“Avaliamos o programa Minha Casa, Minha Vida de forma muito positiva. Os juros reduzidos, as parcelas acessíveis e o maior tempo de financiamento são facilitadores do acesso à casa própria”, afirma Cecília Cavazani, copresidente da empresa, que tem o marido Eduardo como sócio. A família sempre se dedicou à construção, mas resolveu dar corpo ao negócio nos últimos anos, quando o MCMV ficou mais atrativo após corte de juros e aumento de subsídios.
A incorporadora produz apartamentos dentro das faixas 2 e 3 do MCMV, que foram atualizadas esta semana, passando a abranger um público maior. A faixa 2 atendia famílias com renda mensal até R$ 4,4 mil, que agora passou para R$ 4,7 mil, enquanto na faixa 3 o ajuste foi de R$ 8 mil para R$ 8,6 mil. Os apartamentos da Cavazani têm área de 38 a 42 metros quadrados e saem por R$ 274 mil a R$ 340 mil, em média.
Empresa avalia entrar na faixa 4
Dentro do MCMV, os financiamentos têm juros subsidiados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e vão até 8,16% ao ano na faixa 3, um nível bem abaixo das linhas de mercado, que estão em torno de 12%. É isso que tem garantido a demanda. Neste momento, a Cavazani avalia também entrar na recém-criada faixa 4 do MCMV, destinada a famílias com renda até R$ 12 mil e crédito com taxas de 10%
O segmento, entretanto, exigiria mudanças no perfil dos imóveis da construtora. “Estamos estudando expandir nossa atuação para a faixa 4. Enxergamos um mercado amplo e promissor nesse segmento”, diz Cecília. “Entrar nessa faixa nos permitirá atender um público que também busca o primeiro imóvel, mas com outras configurações de renda e expectativas.”
Neste plano de crescimento, a Cavazani vai chegar a novas cidades além de Guarulhos, onde concentrou suas atividades até aqui. A empresa já comprou terrenos na zona leste de São Paulo e em São José dos Campos, onde fará alguns de seus próximos lançamentos. “A disputa em áreas como a capital já é intensa há algum tempo, mas acreditamos que sempre há possibilidade de conseguir bons terrenos”, afirma a copresidente.
Mão de obra é gargalo
Outro gargalo a ser superado para o crescimento é a escassez de mão de obra qualificada. “Nos últimos tempos, encontramos dificuldades com a contratação de mão de obra devido ao aquecimento do mercado e também à não renovação de profissionais do campo, como pedreiros e ajudantes”, comenta, citando a necessidade de reforçar o planejamento para os próximos projetos.