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12/11/2025

Inadimplência condominial atinge 11,95% e é a maior desde 2022 – Monitor Mercantil

Altas taxas de juros e orçamento doméstico pressionado elevam atrasos; Norte e Nordeste lideram crescimento

A inadimplência em condomínios brasileiros atingiu 11,95% no primeiro semestre de 2025, o maior patamar desde 2022, segundo levantamento da uCondo, plataforma de gestão condominial com mais de 620 mil usuários ativos. O índice representa um salto em relação ao mesmo período de 2024, quando a taxa era de 9,99%.

De acordo com o cofundador da uCondo, Léo Mack, o aumento é resultado de diversos fatores ligados ao cenário econômico. “Estamos sofrendo com altas taxas de juros, o que impacta diretamente o bolso dos brasileiros. Quando as pessoas param de pagar as taxas condominiais, é porque provavelmente já deixaram de arcar com outras contas. É um sinal de alerta, assim como deixar de pagar aluguel ou financiamento imobiliário”, afirmou.

O movimento acompanha o aumento da inadimplência geral no país. Dados da Serasa apontam que 78 milhões de brasileiros estavam com o nome negativado em agosto de 2025, o equivalente a 48,3% da população adulta. A maioria dos devedores tem entre 30 e 50 anos, com distribuição equilibrada entre homens e mulheres.

Regiões Norte e Nordeste puxam alta

O Norte apresentou o maior índice de inadimplência condominial do país, com 18,44% de taxas em atraso superiores a 30 dias. Em seguida aparecem o Nordeste, com 13,52%, e o Sudeste, com 11,78%. As menores taxas foram registradas no Sul (9,45%) e no Centro-Oeste (10,21%).

Taxas condominiais também ficaram mais caras

A elevação da inadimplência ocorre em um contexto de aumento das taxas condominiais. A média nacional passou de R$ 501, no segundo semestre de 2024, para R$ 516 no primeiro semestre de 2025. No Sudeste, o valor médio foi de R$ 516,84; em São Paulo, R$ 462; e no Sul, R$ 537,32 - a maior média do país.

Expectativa é de estabilização

Apesar da alta, a expectativa para o segundo semestre de 2025 é de estabilidade, apoiada pela deflação registrada em agosto, pela possível redução da Selic e por um controle maior da inflação.

Gestão e comunicação como aliadas

O especialista alerta que a inadimplência também está relacionada à má gestão e à falta de comunicação nos condomínios. “Quando não há políticas bem definidas de cobrança, diálogo com os moradores e penalidades claras, o problema tende a se agravar”, disse.

Entre as medidas recomendadas, Mack cita o envio frequente de informações sobre prazos e juros, a negociação antecipada de dívidas e o incentivo à participação dos condôminos em assembleias. “Um condomínio equilibrado financeiramente é resultado de uma gestão transparente e de moradores bem informados”, concluiu.

O administrador de condomínios Marcelo Paes reforça que o desafio vai além da cobrança. “A inadimplência tem múltiplas causas e não se resolve apenas com pressão. A comunicação clara e o diálogo constante com os moradores fazem toda a diferença”, afirma.

Segundo ele, administradoras têm buscado alternativas para equilibrar as contas, como descontos para quem paga em dia, renegociações e revisão de contratos. Quando essas estratégias não bastam, cresce o uso de garantidoras, que assumem o risco da inadimplência e repassam o valor integral das taxas, cobrando de 6% a 10% da receita mensal. “Essas parcerias trazem previsibilidade e ajudam a manter o fluxo de caixa saudável”, conclui.

FONTE: MONITOR MERCANTIL