Guilherme Yoshida
Historicamente, os imóveis no ABCD sempre foram mais baratos do que seus similares construídos em São Paulo. Porém, a distância entre os valores praticados no mercado regional e na Capital é cada vez maior. Conforme o último Índice Fipezap, um dos principais indicadores do mercado imobiliário, os preços dos imóveis na Região já são até 45% menores em relação à metrópole.
De acordo com a pesquisa mais recente, baseada nos preços de maio, esta diferença pode ser notada em cidades como São Bernardo, onde o valor médio do metro quadrado custa R$ 4.704, quase a metade dos R$ 8.585 comercializados em São Paulo.
Já em Santo André, a distância nos preços cai para quase 42%, com o metro quadrado a R$ 4.982, enquanto São Caetano, onde os imóveis são os mais caros no ABCD (R$ 5.691 por m²), a valorização é 33% menor quando comparada com a Capital.
Para os construtores do ABCD, vários fatores têm contribuído para este cenário. As diferenças no plano diretor de cada cidade, a falta de mobilidade urbana, a grande disponibilidade de terrenos e até a geografia do local onde será construído o imóvel influenciam nos preços dos imóveis.
“São Bernardo ainda teve um agravante nos últimos 10 anos. Foi a cidade na Região onde mais se construiu na década. Foram grandes conjuntos, lançados com mais de 400 unidades. Com esta concorrência interna dentro do município, as empresas conseguiram boas negociações na aquisição dos terrenos e, com isso, o preço caiu”, apontou Eder Guerrero, diretor de vendas da MZM Construtora, de Santo André.
Como reflexo, houve queda real dos preços de venda dos imóveis no ABCD, ou seja, a alta nos valores ficou abaixo da inflação em maio. De acordo com a pesquisa, enquanto a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 8,27% nos últimos 12 meses, as propriedades na Região variaram até 7,05% (em São Bernardo) no mesmo período. Em São Caetano, por exemplo, a valorização foi de apenas 4,37%.
“Essa diferença de até 45% nos preços é possível notar mais na comercialização dos imóveis usados. No segmento dos novos, esse desequilíbrio não é tão grande, chega a 30% ou 35% no máximo em relação a São Paulo”, completa Milton Bigucci, presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC).
De acordo com os construtores, com os imóveis mais baratos na Região, as vendas acabam sendo concretizadas em uma velocidade muito maior que na Capital.
“A taxa de vacância (imóveis lançados e que ainda não foram vendidos) em São Paulo é de 29%, enquanto no ABCD é de somente 14%”, comparou Guerrero.