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20/07/2015

Grandes bancos desestimulam oferta de certificados de depósitos em 2015

Em números divulgados pela Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) o volume total em CDBs retrocedeu de R$ 539,77 bilhões em dezembro de 2014 para R$ 510,09 bilhões em junho de 2015.

Ernani Fagundes

Os grandes bancos brasileiros estão pagando proporcionalmente menos (em percentuais da taxa DI) aos clientes de varejo por aplicações em certificados de depósitos bancários (CDBs) de liquidez diária. 

O estoque nesses títulos de captação bancária recuou 5,5% ou equivalente a R$ 29,7 bilhões no primeiro semestre deste ano. Em números divulgados pela Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) o volume total em CDBs retrocedeu de R$ 539,77 bilhões em dezembro de 2014 para R$ 510,09 bilhões em junho de 2015.

Devido à baixa necessidade de captar recursos frente ao menor ritmo de concessão de crédito na economia, as principais instituições financeiras estão propondo remuneração entre 80% e 90% da taxa de depósito interfinanceiro (DI) aos aplicadores pessoas físicas do varejo.

Num exemplo prático, um CDB de liquidez diária com vencimento em 30 dias, com remuneração de 85% do DI, proporcionaria hoje uma rentabilidade bruta próxima de 0,91% ao mês (11,6% ao ano), mas se considerada a incidência de tributação de 22,5% do imposto de renda sobre os ganhos nesse período curto de apenas 1 mês teria uma rentabilidade líquida de 0,72% ao mês, enquanto a caderneta de poupança teve ganho líquido de 0,71%.

"A rentabilidade dos CDBs para quem deseja liquidez diária está baixa, mas existe uma demanda crescente de parte dos investidores para suprir a ausência de papéis isentos de imposto de renda [IR]", afirmou Victor Ferreira, da equipe de renda fixa da corretora Um Investimentos.

Mas para o investidor de CDBs que possui um horizonte de tempo maior, Ferreira disse que instituições financeiras menores (bancos pequenos e médios) estão prometendo taxas melhores de acordo com o prazo de vencimento.

Em operações de 3 meses, os percentuais ofertados variam entre 90% e 105% do DI; para 6 meses de espera, a remuneração oscila entre 93% do DI e 108% do DI.

Para o investidor de varejo que pode aguardar um ano pelo resgate, a remuneração bruta oscila entre 95% da taxa DI e 112% do DI, e ainda para o aplicador que tem um horizonte de 2 anos, a remuneração ofertada varia entre 100% da taxa DI e 120% da taxa DI.

"A demanda por CDBs tem aumentado, a oferta de instituições menores é firme, a barreira tem sido a rentabilidade em relação as LCIs [letras de crédito imobiliário] e LCAs [letras de crédito do agronegócio]. Nos grandes bancos, as taxas [em relação ao DI] estão muito baixas", comparou.

Quanto ao perfil do público que investe em CDBs, Ferreira contou que a aplicação está acessível nas corretoras a partir de R$ 30 mil. "O ticket médio está em torno de R$ 50 mil", afirmou o profissional da Um Investimentos.

Varejo Alta Renda - Na mesma linha, o superintendente executivo de investimentos do Santander Brasil, Christiano Ehlers, confirmou que o público que costuma aplicar em CDBs é do segmento varejo alta renda. "O investimento em CDB DI está disponível a partir de R$ 1 mil. Mas nossa média [ticket médio] é de R$ 38 mil. O público é de clientes de perfil conservador, Van Goch e Select que exigem condições de liquidez [capacidade de resgate rápido]", diz.

Quanto aos riscos, o executivo lembrou que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) cobre até R$ 250 mil por CPF e por banco. "Tem clientes que investem acima desse valor", contou.

O risco do CDB está relacionado ao emissor, e por esse critério, os grandes bancos são considerados pelo mercado mais sólidos, na comparação com instituições menores.

Ehlers explicou que no Santander, a aplicação em CDB DI proporciona rentabilidade acima da caderneta. "Ganha da poupança. Os percentuais de remuneração variam de acordo com o prazo e o volume de aplicação de cada cliente", diz.

O superintendente aponta que o ciclo de elevação da taxa básica de juros da economia incentiva a aplicação em renda fixa pós-fixada. "Com a Selic em alta, a demanda por CDBs tende a crescer, assim como os fundos de investimentos [referenciados na taxa] DI também se beneficiam da alta dos juros", apontou Ehlers.

Segundo dados do último boletim de renda fixa da Anbima, nos últimos doze meses até junho último, a rentabilidade bruta média dos CDBs ficou em 10,97%, enquanto a caderneta de poupança teve rendimento líquido de 7,39%. Em igual período de comparação, a taxa Selic, estabelecida pelo Banco Central ficou em 11,88%, já a taxa DI - aferida pela Cetip - apurou média de 11,82% nesses 12 meses.

Ele explicou que a principal razão dos clientes que buscam CDBs está no atual cenário da economia brasileira. "Com a incerteza de mercado, o cliente deixa de aplicar em Bolsa de Valores e em fundos multimercados. CDB DI e fundos DI são boas aplicações para investidores conservadores num momento em que o cenário não é de fácil leitura", argumentou.

Ele acrescentou que o investimento em Bolsa de Valores depende muito do crescimento da economia. "O cenário pode ficar melhor em 2016. No momento há uma preferência por ativos mais líquidos", afirmou. 

 

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP - FINANÇAS