Por Circe Bonatelli
A incorporadora Mérito Realty, controlada pelo fundo imobiliário da gestora de recursos Mérito, está acelerando os lançamentos neste ano, embalada pela ‘boom’ do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Nesta gestão do governo federal, o programa foi turbinado por uma série de medidas, como corte de juros, elevação de subsídios, reajustes nas faixas de renda e preços dos imóveis, que atraíram tanto as incorporadoras quanto os compradores de imóveis.
No ano passado, os lançamentos da Mérito Realty totalizaram R$ 240 milhões em valor geral de vendas (VGV) próprio. Para 2025, o plano é dobrar de tamanho, chegando aos R$ 500 milhões, divididos em sete projetos. “As vendas estão muito saudáveis. Isso é o que estimula realizarmos mais lançamentos”, afirma o presidente da Mérito, Alexandre Despotin, em entrevista à Coluna.
A incorporadora atua no setor com a marca Livus na cidade de São Paulo, espalhada por bairros como Vila Sônia, São Mateus, Mooca e Cupecê. Em vez de lançar projetos com milhares de apartamentos (como fazem MRV, Cury, Pacaembu, entre outras), a Livus opta por empreendimentos menores, com algumas centenas de unidades e VGV de até R$ 100 milhões, aproximadamente. “São projetos viáveis, mas que as grandes empresas não olham. Assim não temos que brigar por terrenos”, conta Despotin.
Serviço completo
A Mérito tem R$ 700 milhões em ativos sob gestão divididos em dois fundos, sendo um para a incorporação de projetos residenciais e outro para concessão de cemitérios. Em 2015, decidiu ter seu próprio braço de desenvolvimento imobiliário, quando criou a incorporadora, que faz todas as etapas de prospecção de terrenos, criação de projetos, construção e vendas. Além do MCMV, a empresa também atua com loteamentos em cidades de grande porte do interior, como Campinas (SP), Uberaba (MG) e Ponta Grossa (PR).
O modelo de negócios é curioso porque, na maioria das vezes, as incorporadoras são fundadas por empresários e, depois, se associam a fundos imobiliários para captação de recursos e construção de projetos. Neste caso, foi a gestora que fundou uma incorporadora própria. “A empresa nasceu no mercado de capitais. Foi o caminho inverso”, observa o presidente.
Em sua avaliação, o maior desafio para o setor, atualmente, é a dificuldade em atrair mão de obra qualificada com o mercado aquecido. “O grande risco que vemos para a construção é a mão de obra. Por exemplo: antes, conseguíamos um time de 20 carpinteiros em um mês. Hoje em dia levamos até 90 dias para encontrar”, relata. A saída é aumentar os salários e benefícios.