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11/06/2019

Gafisa tem aumento de capital de R$ 132 milhões 

Neste ano, a Gafisa não fará lançamentos imobiliários. "Tivemos de dar uma freadinha no caminhão para ver se, no balanço da carroceria, as melancias se acomodam. Vamos rever economicidade dos lançamentos", diz Portella.

A primeira tranche do aumento de capital da Gafisa somou R$ 132,6 milhões, com subscrição de 26.273.962 ações. Os recursos serão destinados para obras e para desenvolvimento de projetos, segundo o presidente da companhia, Roberto Portella, informou ao Valor. "A Gafisa ganhou oxigênio para retomar negócios."

O direito de preferência na subscrição de papéis tinha sido exercido por 46% dos acionistas, o que resultou na entrada de recursos de R$ 62,3 milhões, em meados de maio, no caixa da companhia. De acordo com o presidente, há sinalização que a subscrição das sobras, concluída na sexta-feira, chegou a 14,1 milhões de ações, o correspondente a R$ 70 milhões.

Segundo Portella, 112 acionistas subscreveram as sobras, e a liquidação financeira dessa etapa ocorrerá sexta-feira. "Pode ocorrer que algum dos que se manifestaram pela compra das sobras não pague ou perca o prazo", diz o executivo, acrescentando que as manifestações individuais superaram o total das sobras.

Neste ano, a Gafisa não fará lançamentos imobiliários. "Tivemos de dar uma freadinha no caminhão para ver se, no balanço da carroceria, as melancias se acomodam. Vamos rever economicidade dos lançamentos", diz Portella.

A incorporadora tem quatro projetos com apresentação ao mercado prevista para a partir de 2020. Os novos empreendimentos serão concentrados em São Paulo e terão, em sua maioria, torres residenciais. De acordo com o executivo, os novos projetos terão "modelagem mais ortodoxa" em relação aos anteriores. "Todos os empreendimentos terão SPEs [Sociedades de Propósito Específico]. Anteriormente, havia projetos subsidiados pela holding", conta Portella.

No fim de março, a Gafisa tinha alavancagem de dívida líquida sobre patrimônio líquido de 161,8%, uma das maiores entre as incorporadoras de capital aberto. Ela está negociando passivos com os bancos credores - Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú BBA e Santander. Segundo o executivo, Caixa e Banco do Brasil sinalizaram que as conversas podem avançar.

A incorporadora tem 13 obras em curso, das quais cinco estão no prazo previsto e oito, mais lentas. O número chega a 14 se incluído um empreendimento já entregue, mas cujo repasse ainda não foi concluído. Segundo fonte, o ritmo de avanço de algumas obras está bastante lento.

A Gafisa vai pagar R$ 1 milhão, de hoje para amanhã, a empresas sub-contratadas que prestam serviços em segmentos como eletricidade, gesso e assentamento de ladrilhos. Esses recursos se referem a pagamentos atrasados pela gestão anterior, de acordo com Portella. "Mu Hak [Mu Hak You, do GWI Group, foi o maior acionista da Gafisa entre setembro e fevereiro] tinha mandado parar as obras e suspendeu os pagamentos. Quando assumimos, chamamos os empreiteiros para recomeçá-las", disse.

De acordo com o executivo, a Gafisa está avaliando a totalidade dos débitos apresentados pelas sub-contratadas, como um "filtro" para definir o que é devido de fato. "Não trabalhamos sob pressão", diz. Segundo ele, o desembolso de R$ 1 milhão já estava programado e não resultou do indicativo de greve dos empregados terceirizados de obras que estava marcado para ontem.

FONTE: VALOR ECONôMICO