A Gafisa tem expectativa de crescimento de receita, neste ano, decorrente do aumento projetado de lançamentos e vendas, além do avanço de obras. “Como os nossos lançamentos de R$ 900 milhões, em 2020, foram concentrados a partir do fim do terceiro trimestre, ainda temos muito resultado a reconhecer”, afirma o vice-presidente de finanças e gestão, Ian Andrade.
É esperada também continuidade da “lucratividade sustentável” da companhia, segundo o executivo. “No quarto trimestre, tivemos um lucro ligado diretamente à operação sem nenhum ajuste contábil”, diz Andrade.
De outubro a dezembro, a Gafisa obteve lucro líquido de R$ 28,9 milhões, 38,3% abaixo do ganho de R$ 47 milhões do mesmo período de 2019. Mas, se descontado o efeito não recorrente de ganho jurídico de arbitragem contra uma construtora, a companhia teria fechado com prejuízo de R$ 22,6 milhões no exercício anterior. A receita líquida cresceu cinco vezes, para R$ 579,9 milhões.
A Gafisa tem meta de lançar Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,5 bilhão a R$ 1,7 bilhão neste ano. “Estamos mantendo o ‘guidance’. É muito cedo para qualquer questionamento estrutural”, diz Andrade. Na avaliação do executivo, mesmo que a taxa básica de juros Selic chegue a 4%, o desempenho do setor será mantido. “Para o volume realmente esfriar, a Selic teria de ir para quase dois dígitos, mas nenhum economista projeta isso”, afirma o vice-presidente de finanças.
O primeiro lançamento da Gafisa estava previsto para este mês, mas acabou adiado para abril, devido à determinação que os estandes de vendas fiquem fechados nesta fase da pandemia. Segundo Guilherme Benevides, vice-presidente de operações, o projeto será desenvolvido no Campo Belo, na zona Sul de São Paulo, e deverá ter unidades com preço de venda de R$ 750 mil a R$ 1,3 milhão. “O empreendimento vai marcar a nova fase da Gafisa sintetizada em um produto”, diz Benevides.
A incorporadora tem como meta de vendas brutas R$ 100 milhões por mês, segundo o vice-presidente de operações. “No quarto trimestre, as vendas brutas cresceram 103%, em relação ao terceiro trimestre, para R$ 292 milhões. Foi uma evolução muito grande”, diz o executivo.
Além do crescimento orgânico, a Gafisa busca também a expansão por meio de fusões e aquisições. Há conversas, em curso, que podem avançar tanto para a compra de empresas quanto de projetos. Com exceção do programa habitacional Casa Verde e Amarela, a companhia tem interesse em todos os segmentos para incorporação imobiliária.
“Temos sido procurados por vendedores de terrenos, investidores e empresas que querem fazer parcerias”, conta Benevides. Entre essas empresas, cita, estão incorporadoras que tentaram, mas não conseguiram abrir capital no ano passado. Conforme o tipo de operação a ser fechado, será desenhada pela Gafisa uma estrutura de financiamento diferente.
Na área de renda por meio de locação, a companhia atua pela Gafisa Propriedades. A subsidiária comprou da Gafisa mais de 700 unidades, incluindo lojas e salas comerciais, em São Paulo e no Rio de Janeiro. De outros proprietários, adquiriu as operações do Hotel Fasano Itaim, em São Paulo e de dois shopping centers no Rio de Janeiro. Recentemente, anunciou a compra de suítes privativas com serviços de hotelaria no empreendimento Cidade Matarazzo, na capital paulista.
A Gafisa encerrou o ano com caixa de R$ 622,1 milhões. “Temos mais de R$ 1 bilhão de recebíveis”, diz Andrade. Recentemente, a companhia captou R$ 400 milhões em operações relacionadas à produção. Para a holding, um sindicato de bancos foi montado para estruturar operação de debêntures simples, não conversíveis em ações, de longo prazo, com valor de R$ 200 milhões a R$ 400 milhões.
Nova oferta adicional de ações (“follow-on”) só deverá ocorrer após “reprecificação da empresa no mercado”, segundo o vice-presidente de finanças.