Luciana Seabra
A entrada de recursos em fundos no primeiro semestre superou a saída em R$ 33,09 bilhões, um resultado muito mais pujante do que a captação de R$ 1,94 bilhão do mesmo período do ano passado. As carteiras têm atraído mais, mesmo que ainda muito abaixo dos R$ 101,71 bilhões do primeiro semestre de 2013 ou dos R$ 74,43 bilhões da primeira metade de 2012, somente para fazer referência à história recente, segundo os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A entrada de recursos ainda é muito concentrada em poucas categorias de fundo, em geral, de menor risco. Os fundos de previdência contribuíram bastante com o resultado, por meio da maior captação semestral desde o início da série histórica, em 2002, um total de R$ 19,91 bilhões.
Também tiveram captação líquida positiva no período os fundos curto prazo, DI, renda fixa, cambial e multimercado juros e moedas. "Isso se justifica basicamente pelo cenário macro, de taxa de juros subindo, em que o investidor caminha para produtos mais conservadores, de menos risco, com retornos bastante significativos", diz Luciane Ribeiro, diretora da Anbima, também no comando da Santander Asset Management.
A fuga de recursos da poupança no primeiro semestre e a escassez de ativos isentos também ajudaram na migração para fundos, segundo Luciane. Com crédito menos farto e, assim, menos lastro, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) deixaram investidores órfãos.
A valorização do dólar em relação ao real, de 16,9% no período, ajuda a entender os tipos de maior rentabilidade. As carteiras cambiais lideram no ano, com 17,48%. Elas são seguidas pelos multimercados macro, que se fiam em tendências para os ativos, com 11,02%.
Dentre os 21 tipos, 12 superaram no período o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), custo de oportunidade para os investimentos, que fechou o semestre em 5,92%.
Na renda variável, o destaque ficou com os fundos setoriais, com ganho médio de 9,04%, impulsionados pelas carteiras que carregam somente Petrobras, que ultrapassam 40% de ganho no ano.
Dado que os ganhos na bolsa foram concentrados em poucos papéis - alguns deles, como Petrobras, evitados por grande parte dos gestores - as outras carteiras de ações ficaram bastante descoladas do Ibovespa. Enquanto o principal índice da bolsa brasileira bateu 6,15% no primeiro semestre, as carteiras do tipo Ibovespa Ativo renderam 3,78%. Os ações livres, em que os gestores têm mais liberdade para selecionar papéis, ganharam 3,94%.