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07/12/2017

EZTec já sente retomada do setor

Neste ano, a incorporadora concentrou novos projetos no segmento de média-alta renda na cidade de São Paulo, e vendeu, em seis meses, metade dos R$ 343 milhões apresentados.

A retomada do setor imobiliário já começou, na avaliação do fundador da EZTec e presidente do conselho de administração, Ernesto Zarzur. Em tom mais otimista do que o da entrevista concedida ao Valor em fevereiro, o empresário de quase 84 anos afirma que, em 2017, "o maior feito da EZTec foi reduzir estoques" e conta que voltou a frequentar plantões de vendas nos fins de semana em que ocorrem lançamentos. "As vendas do setor melhoraram", diz Zarzur.

Neste ano, a incorporadora concentrou novos projetos no segmento de média-alta renda na cidade de São Paulo, e vendeu, em seis meses, metade dos R$ 343 milhões apresentados.

Ao longo de 2017, a companhia desembolsou R$ 100 milhões na aquisições de terrenos, na capital paulista, para projetos de pequeno porte direcionados às classes média-alta e alta, embora o que o fundador da EZTec queira mesmo seja voltar a incorporar empreendimentos grandes em cidades vizinhas à capital paulista. "Temos terrenos para lançamentos em São Paulo de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões [por projeto], mas quero fazer empreendimentos com VGV de R$ 500 milhões", afirma Zarzur.

Lançamentos com esse perfil devem ser retomados só em 2019. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio Fugazza, não está claro se a venda, em seis meses, de 50% dos lançamentos foi possível por se tratar de projetos com número pequeno de unidades. Em geral, os empreendimentos maiores se destinam à média renda, segmento em que a retomada dos investimentos da incorporadora depende da melhora dos níveis de emprego, de solução para os distratos e dos rumos das eleições de 2018.

Como estratégia para reduzir as rescisões de vendas, a companhia vem reforçando o financiamento a clientes após as chaves. No fim de setembro, a EZTec tinha 1.492 contratos de tabela direta, ante 1.043 unidades no ano passado. A empresa também negocia descontos caso a caso com clientes para evitar distratos. A média dos abatimentos é de 5%.

A EZTec estima que, em 2018, os lançamentos ficarão entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. O ponto médio da faixa projetada corresponde a 119% de expansão ante R$ 343 milhões de 2017. O foco serão imóveis para as rendas média-alta e alta, mas haverá dois projetos no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, um deles em parceria com a Sinco Engenharia.

A companhia busca licença para o Esther Towers, empreendimento comercial de duas torres, com VGV superior a R$ 1 bilhão, que homenageia dona Esther Zarzur, esposa do empresário. O projeto será erguido em terreno contíguo ao do Parque da Cidade, na zona Sul de São Paulo.

Há expectativa que as obras do segundo maior projeto comercial da EZTec - superado pelo EZTowers - comecem em 2018, após a obtenção das licenças. A incorporadora tem Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) para o empreendimento. "Já tem gente querendo comprar, mas só vendo depois de pronto", diz o empresário.

No terceiro trimestre, a comercialização da torre B do EZTowers para a Brookfield por R$ 650 milhões foi a razão para a melhora do desempenho da companhia e contribuiu para geração de R$ 720,1 milhões de caixa. A incorporadora teve o maior lucro líquido trimestral do setor, de R$ 280,3 milhões.

Zarzur - que mantém a rotina de, durante a semana, ir à EZTec pela manhã e visitar obras após o almoço - segue na linha de frente da definição dos rumos da empresa. Exemplo dessa presença ativa é a decisão tomada pelo empresário de que, daqui a quatro anos, seus filhos deverão deixar a diretoria da incorporadora. Segundo o fundador da EZTec, a presidência poderá vir a ser ocupada por netos e "funcionários mais qualificados".

No sistema atual, estabelecido por diretriz criada por Zarzur em 2006, os quatro filhos homens seguem rodízio para ocupar a presidência da companhia. O estatuto ainda está mantido, mas o empresário já informou sua decisão aos filhos, que poderão ocupar assentos no conselho, após a mudança, se tiverem interesse.

Atualmente, os dois filhos mais velhos - Flavio Zarzur e Silvio Zarzur - são conselheiros da companhia. Silvio preside a EZTec e é diretor de incorporação, enquanto Flavio é vice-presidente. Marcos Zarzur e Marcelo Zarzur são, respectivamente, diretor comercial e diretor técnico.

Na sexta-feira, o conselho da EZTec aprovou distribuição de dividendos intermediários no valor de R$ 440,555 milhões. Com essa operação, o total distribuído desde a abertura de capital, há dez anos, chega a R$ 1,362 bilhão, e o patrimônio líquido passa para R$ 2,6 bilhões. A companhia considerou a distribuição de dividendos a melhor forma de remunerar os acionistas, de acordo com Fugazza. 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO