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29/12/2020

Expectativa é que incorporadoras tenham mais um ano aquecido

Juros tendem a continuar baixos, estimulando a concessão de crédito imobiliário e a demanda

O setor de incorporação deve viver, em 2021, novo ano de forte crescimento, considerando-se a demanda e a expectativa de continuidade de juros baixos e do interesse dos bancos na concessão de crédito imobiliário. Nos últimos meses, várias incorporadoras com foco nos padrões médio e alto retomaram a prática de divulgar meta de lançamentos ao mercado, sinalizando confiança na manutenção do expressivo ritmo de venda.

O segmento começou o ano bastante aquecido, mas se retraiu na fase inicial da pandemia de covid-19, quando o funcionamento dos estandes de vendas foi suspenso, temporariamente, na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país.

A retomada da apresentação de projetos para as rendas média e alta, a partir de meados do ano, foi acompanhada de elevada velocidade de vendas, em resposta à demanda represada. A comercialização de estoques também está aquecida, refletindo aquisições por parte de compradores finais e investidores.

Para dar suporte às expansões buscadas, incorporadoras de capital aberto seguem na compra de terrenos, principalmente na capital paulista, e na busca de obtenção de licenças para os projetos.

Em outubro, a EZTec anunciou que a soma de seus lançamentos neste ano e de 2021 chegaria à faixa de R$ 4 bilhões a R$ 4,5 bilhões. Do total, o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 700 milhões foi apresentado de janeiro a setembro. Com os R$ 330 milhões lançados em dezembro, a companhia chega ao fim do ano com o VGV de R$ 1,03 bilhão, o que significa perspectiva de triplicar seus projetos em 2021.

A Tecnisa informou que o VGV lançado no biênio 2020-2021 será de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão. No acumulado até setembro, a empresa apresentou R$ 34 milhões, com parte própria de R$ 7 milhões. Em dezembro, lançou dois projetos, no total de R$ 264 milhões. Para cumprir a meta de dois anos, a Tecnisa terá de mostrar forte crescimento em 2021.

No último dia 16, a Trisul informou que seus lançamentos somaram R$ 1 bilhão neste ano. Esse VGV representa o piso da meta para 2020, que ia até R$ 1,3 bilhão.

Considerando-se o elevado déficit habitacional do país, o ambiente é favorável também para empresas com atuação principal na baixa renda, mas o segmento pode ser, negativamente, impactado por novos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), fonte de recursos do programa habitacional.

As margens mais apertadas do que as de incorporações dos padrões médio e alto e os limites de preço dos imóveis previstos no programa deixam o segmento mais suscetível também aos efeitos de pressão de custos de materiais de construção. Em unidades destinadas às classes média e alta, é mais fácil repassar esses aumentos para os preços dos apartamentos.

FONTE: VALOR ECONôMICO