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28/05/2020

Em dez anos, participação de obras residenciais supera as de infraestrutura no Brasil, aponta IBGE

Levantamento de 2018 mostra mudança estrutural do segmento, com perda de participação do setor público. Ocupação no setor caiu 10% desde 2009

Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o setor de construção civil no Brasil sofreu alteração estrutural importante. Pela primeira vez, as obras residenciais superaram as de infraestrutura no país, se tornando o principal produto do setor.

Os dados são de 2018 e mostram que o conjunto de obras residenciais passou a ter a maior participação no setor, respondendo por mais de ¼ do valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção no país. Em 2009, ele ocupava o terceiro lugar no ranking, quando as obras de infraestrutura lideravam o setor.

"Contribui para esse resultado a concessão de crédito habitacional em condições mais facilitadas, expansão dos programas habitacionais e aumento do poder de compra das famílias nesse período de 10 anos", destacou o IBGE.

Em termos de receita, segundo o IBGE, em 2009 as obras de infraestrutura (construção de rodovias, ferrovias e obras urbanas) representavam 46,5% do setor. Essa participação caiu para 31,3% em 2018. Em compensação, a construção de edifícios aumentou sua participação de 39,5% em 2019 para 45,5% do valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção em 2018.

O segmento de Serviços especializados para construção ficou na terceira colocação, mas foi o que mais ganhou participação ao longo da década, passando de 14% para 23,2% no período.

De acordo com a gerente da pesquisa, Synthia Santana, a construção de edifícios "costuma crescer em períodos de recuperação econômica, atrelado à retomada do crescimento no país". Ela explicou que o segmento representa as pequenas instalações, reformas, preparação de terreno e acabamentos.

 

Perda de participação do setor público

A pesquisa também mostrou que o setor público perdeu representatividade na construção civil. Em 2009, era responsável por 43,2% da indústria da construção, percentual que caiu para 30,7% em 2018.

Houve queda nos três segmentos da atividade: construção de edifícios caiu 6,7 pontos percentuais, indo para 21,9%. Já serviços especializados para construção foi de 20,4% para 19,3%. As obras de infraestrutura, a maior fatia, sofreram a maior queda, passando de 61,5% para 50,4%.

Para a gerente da pesquisa, Synthia Santana, esses números são explicados pelo impacto da paralisação de grandes obras públicas, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O país passou por algumas instabilidades político-institucionais, e algumas quedas estão atreladas a esses problemas", destacou.

Queda de 10% na ocupação

 

Ainda segundo o levantamento do IBGE, entre 2009 e 2018 a construção civil perdeu cerca de 10% do pessoal ocupado. O número de trabalhadores no setor caiu de aproximadamente 2,1 milhões para 1,9 milhão no período - cerca de 183 mil postos de trabalho a menos.

Segundo o IBGE, os números "sugerem que o contexto de instabilidade econômica e institucional iniciado em 2015 não foi plenamente superado pela indústria da construção, que ainda sofreu as consequências dessa conjuntura negativa, o que levou ao adiamento de decisões de investimento e ao cancelamento de grandes projetos".

Se comparado com 2013, quando ocorreu o auge da ocupação no setor (2,968 milhões de trabalhadores), a perda de postos de trabalho chegou a 1,1 milhão, o que representa uma queda de 37%.

 

Nesta base de comparação, segundo o IBGE, a queda foi mais intensa nos segmentos de construção de edifícios (-43,0% de ocupados) e no de obras de infraestrutura (também -43,0% de queda). Já nos Serviços Especializados para Construção, a perda foi de 20,1%.

Quase 7 mil empresas fechadas em quatro anos

O levantamento mostrou também que aumentou quase dobrou o número de empresas ativas no setor de construção em dez anos - eram 63,9 mil em 2009 e chegou a 124,5 mil em 2018.

Porém, entre 2015 e 2018 foram fechadas cerca de 6,8 mil empresas da construção no país, o que representa uma perda de 5,2% no período.

Já entre 2017 e 2018, a indústria da construção perdeu 1.736 empresas, ou -1,37%.

FONTE: G1