Os juros não param de subir no país. E são os bancos públicos que estão puxando as taxas para cima, segundo levantamento do Banco Central (BC) que compara, em diversas modalidades de crédito, o que era cobrado em 2 de janeiro e em 18 de junho deste ano.
No cheque especial, o cliente da Caixa pagava 132,03% anuais em janeiro. Em junho, já eram 190%, o que representa alta de 43,9%. Para o correntista do Banco do Brasil, os juros passaram de 164,65% para 211,79%, elevação de 28,6%. No Bradesco, subiu-se de 171,34% para 202,66%, aumento de 18,3%. E no Itaú Unibanco, de 209,61% para 236,48%, uma escalada de 12,8% (veja quadro ao lado).
Para especialistas, há uma certa gordura nos bancos privados, e, por isso, eles podem reduzir o ritmo de aumento das taxas mesmo que o BC não pare de elevar a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 13,75%. As instituições públicas têm margem pequena, por isso são obrigados a repassar a alta imposta pela política monetária. A inflação deverá chegar a 9%, e o BC se esforça para levá-la aos 4,5% do centro da meta em dezembro de 2016.
Enquanto o BC estiver perseguindo essa meta a ferro e fogo, os bancos públicos devem continuar elevando os juros em ritmo mais acelerado que os demais, para readequar os custos, disse o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes. Ele alertou que a inadimplência está aumentando, mas o consumo caiu porque a população está evitando se endividar.
O economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, lembrou que os bancos privados se anteciparam ao aumento da inadimplência e começaram a elevar os juros bem antes dos públicos nos últimos anos. Ele destacou que os bancos estatais, como têm maior capilaridade, acabam concedendo crédito para uma faixa de pessoas com risco maior. Esse ritmo mais forte nos juros dos públicos sinaliza que esses bancos estão tentando se adequar a uma nova realidade, emendou.
A assessoria da Caixa informou que a decisão de recompor as taxas de juros na Caixa se deve ao maior nível da taxa básica de juros Selic. O banco recentemente endureceu as regras para o financiamento imobiliário e informou que apesar dos reajustes, mantém o posicionamento estratégico de oferecer as melhores taxas do mercado.
Edmar Casalatina, diretor de Empréstimo e Financiamentos do BB, disse que espera a queda da inadimplência até o fim do ano. Estamos orientando o cliente as buscar modalidades mais baratas de crédito, explicou.