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08/10/2025

Do lar à experiência: como a geração Z está redesenhando o conceito de morar – Papo Imobiliário

Em um mercado acostumado a medir sucesso em metros quadrados, uma nova métrica começa a ganhar espaço: a de pertencimento. A geração Z, que já representa quase 30% da população mundial e começa a ocupar o mercado de trabalho e o crédito imobiliário, não busca apenas um endereço - busca vivência, conexão e propósito.

É essa mudança de mentalidade que vem impulsionando o crescimento de modelos como coliving, cohousing e flex living, formatos que priorizam experiências compartilhadas, mobilidade e contratos mais leves. E, ao contrário do que parece, não é apenas uma tendência passageira: é uma resposta estrutural a transformações sociais, econômicas e culturais profundas. 

Nos últimos anos, vimos o custo da moradia urbana disparar, a mobilidade profissional se intensificar e o senso de comunidade se esvair nas grandes cidades. A geração Z cresceu nesse contexto - hiperconectada, mas muitas vezes sozinha. E foi justamente essa contradição que abriu espaço para novas formas de morar que unem individualidade e pertencimento. 

De acordo com a Grand View Research, mercado global de coliving está projetado para crescer a uma taxa composta anual (CAGR) de 13,5% de 2025 a 2030, alcançando um valor estimado de US$ 16,05 bilhões até 2030. No Brasil, startups imobiliárias e construtoras já adaptam seus produtos: de moradias flexíveis com aluguel 100% digital a prédios com quartos privativos e áreas comuns pensadas para convivência, networking e bem-estar. O que antes era nicho, hoje é modelo de negócio. 

Mais do que um novo tipo de contrato, o coliving traduz um novo contrato social. Ele nasce da urgência de redefinir o que é “casa” em um tempo em que o trabalho é remoto, o consumo é compartilhado e a rotina é fluida. Para a geração Z, um endereço fixo faz menos sentido do que uma boa conexão de Wi-Fi, um coworking no térreo e uma vizinhança que gere identificação.

E é interessante observar como essa mudança não é apenas prática, mas também simbólica. Morar, para essa geração, é um ato político - uma escolha que reflete valores como sustentabilidade, flexibilidade e colaboração. Da mesma forma que questionam modelos tradicionais de carreira e liderança, os jovens também questionam o modelo tradicional de moradia. 

No setor imobiliário, isso exige um novo olhar. As empresas que insistirem em vender imóveis como se vendia na década de 1990 vão perder relevância para aquelas que entendem que morar virou experiência. É hora de pensar em produtos que não vendem apenas espaço, mas estilo de vida. Que conectam o tijolo à comunidade, o aluguel ao propósito e o contrato à liberdade.

FONTE: PAPO IMOBILIáRIO