Após meses pressionando as margens das construtoras durante o período de baixa na venda de imóveis, os descontos no preço do metro quadrado começam a perder força. Ao término de junho, o valor do desconto médio para venda era de 8%, abaixo dos 9,4% praticados um ano antes.
O dado faz parte do Índice FipeZap, organizado pelo instituto de pesquisa Fipe e o portal Zap Imóveis, e aponta que 72% dos imóveis negociados do segundo trimestre deste ano tiveram algum tipo de desconto para estimular a venda. "O desconto no preço do imóvel é uma prática comum, independente do mercado em alta ou em baixa. É saudável e faz bem para a concorrência. O problema é que, pela necessidade de vender rápido, muitos proprietários baixaram demais os preços, o que causa um efeito cascata em todo o mercado", resume o professor de macro economia e especialista em mercado imobiliário, César Souto Cricciola.
Percepção sobre preço - Outro dado que corrobora para o menor volume descontos foi a percepção do consumidor sobre os preços. Segundo o estudo da Fipe, dos brasileiros que adquiriram imóvel nos últimos meses, 34% afirmou que os preços estão hoje em um nível razoável. O dado foi maior que os que acharam os valores muito elevados. (31%). Invertendo resultados vistos nos últimos trimestres.
Quando perguntado aos futuros compradores, a percepção geral e que os preços estão altos (41%), enquanto 25% disseram que o valor é razoável. "Não podemos culpar apenas o dono do imóvel. O juros para financiamento está alto e isso torna a decisão de compra mais sensível ao preço da oferta do imóvel", completa Cricciola, da UFRJ.
De acordo com o indicador, a fatia de respondentes que acharam o preço do imóvel comprado recentemente altos, ou muito altos somou 46% ao fim do segundo trimestre, quase metade da percepção vista em dezembro de 2014 - auge dos preços no País - quando 84% dos entrevistados entenderam que os preços estavam mais elevados do que deveria.
Questionados sobre a expectativa de preços para os próximos 12 meses, os potenciais compradores de imóveis estimam uma redução de 4,4% no valor do metro quadrado. O entendimento acompanha uma curva de queda que o setor sente desde o início da crise econômica, em 2015.
A fatia de compradores que esperam baixa no preço nos próximos meses somou 29% dos entrevistados, ante 28% no mês anterior. Outros 14% entendem que os preços vão subir. No 1º trimestre eram 17%.