Ernani Fagundes
São Paulo - A carteira de crédito do Banco do Brasil para pessoas jurídicas poderá crescer entre 1% e 4% em 2016, conforme expectativas (guidance) da instituição divulgadas ontem. O motivo para a projeção de crescimento modesto é a falta de demanda das empresas.
Depois dos presidentes do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e do Itaú, Roberto Egydio Setúbal, ontem foi a vez do presidente executivo do Banco do Brasil, Alexandre Corrêa Abreu, confirmar a baixa demanda por crédito.
"Não existe falta de recursos para empréstimos. É muito uma questão de demanda [fraca], do que de oferta [de crédito]", respondeu o executivo ao DCI, em entrevista coletiva sobre o balanço anual realizada ontem, em São Paulo.
No ano passado, a carteira de crédito para médias e grandes empresas cresceu 6,6% para R$ 170,087 bilhões, enquanto os empréstimos para micros e pequenas recuaram 8,4% para R$ 93,616 bilhões.
Abreu disse que o banco está fazendo um trabalho preventivo junto às pequenas e médias empresas para renegociar dívidas e evitar o aumento dos atrasos e da inadimplência. "É uma conduta preventiva, e é saudável que os clientes façam uma negociação", disse. Na prática, o banco está estendendo prazos de pagamentos de acordo com capacidade de pagamento das empresas, e em alguns casos, até reduzindo os juros cobrados dos clientes.
Diante dessa realidade, o Banco do Brasil deverá dar mais atenção para setores promissores da economia local e priorizar o crédito rural e o financiamento às exportações em 2016. "Isso não significa que vamos deixar de desenvolver outras áreas [como o crédito imobiliário]. Mas temos um interesse e um posicionamento forte do banco em agronegócios, 60% de participação. O apetite nosso [de conceder crédito] é bom", argumentou.
Em 2015, o crédito para o agronegócio no Banco do Brasil avançou 6,2% a R$ 173,86 bilhões. O financiamento para pessoas físicas do agronegócio aumentou 4,7% a R$ 122,347 bilhões, e o de pessoas jurídicas do agronegócio subiu 10,1% para R$ 51,52 bilhões. Para 2016, a expectativa (guidance) é de uma evolução entre 6% e 9% no agronegócio.
"No ano passado não operamos a linha de pré-custeio por causa da captação [fraca] na poupança", disse Abreu. O banco melhorou sua captação da caderneta junto aos pequenos poupadores e terá mais recursos para o pré-custeio da safra no exercício de 2016.
Em conversa informal após a divulgação do balanço, o vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, Raul Francisco Moreira, ressaltou que a instituição está captando melhor em caderneta de poupança, mas também com letras de crédito do agronegócio (LCAs) e imobiliárias (LCIs). "Estamos com taxas interessantes para o público de alta renda em LCIs e LCAs", disse.
Pelos dados apresentados no balanço, a captação em caderneta de poupança cresceu apenas 2,1% no ano passado para R$ 151,85 bilhões, enquanto no mercado como um todo houve retração. O volume captado em LCIs e LCAs avançou 31% no ano e alcançou o valor de R$ 154,73 bilhões.
Novidades do BB - O vice-presidente de tecnologia do Banco do Brasil, Geraldo Afonso Dezena da Silva, adiantou que até maio, a instituição terá disponível seu aplicativo que permitirá pagamentos do cartão por meio da tecnologia de aproximação do smartphone (celular com acesso a internet) junto à máquina da adquirente. "Máquinas da Cielo, por exemplo, já estão adaptadas para essa tecnologia de aproximação. Se o cliente não quiser pagar com o seu cartão principal também poderá optar por um cartão virtual para efetuar o pagamento", contou. A instituição também divulgou ontem o serviço BB Exclusivo.