Notícias

17/03/2023

Cyrela, EZTec e Trisul têm queda de lucro (Valor Econômico)

Margens das incorporadoras de médio e alto padrão foram afetadas por inflação de custos em 2022, mas há sinal de estabilização

Incorporadoras que atuam nos segmentos de média e alta renda, Cyrela, EZTec e Trisul apresentaram em seus balanços de 2022, divulgados nesta quinta-feira (16), queda no lucro líquido e na margem bruta.

 

A atenção das companhias se volta neste ano ao ritmo de lançamentos e de vendas, em cenário de juros mais alto para o financiamento imobiliário.

A Cyrela encerrou o ano com margem bruta de 32%, queda de 2,7 pontos percentuais sobre 2021. Miguel Mickelberg, diretor-financeiro da empresa, analisa que esse recuo foi causado por “condições mais desafiadoras do mercado”, especialmente a inflação do custo de obra dos últimos anos e a dificuldade em repassar esse aumento ao preço das unidades.

 

Apesar da companhia conseguir manter custos em patamar “mais saudável” desde a segunda metade de 2022, esse efeito se mantém, já que as unidades lançadas nos últimos anos seguem à venda e em construção.

A pequena retração na margem bruta também causou queda de 11,5% no lucro líquido no ano passado (R$ 809 milhões).

 

Para 2023, Mickelberg vê margens semelhantes às do quarto trimestre, fechadas em 31,4%, porque o nível de preço dos insumos segue alto.

A receita líquida da companhia subiu 13% em 2022, para R$ 5,4 bilhões. Foi puxada pelo aumento das vendas líquidas, que tiveram incremento de 20,2% em 2022 e somaram R$ 5,5 bilhões, considerando apenas a participação da Cyrela nos projetos.

 

Mesmo com os juros do financiamento imobiliário mais caros e a inflação ainda elevada, que impactam a demanda do consumidor, as vendas em janeiro e fevereiro foram “ligeiramente superiores” aos mesmos meses de 2022, segundo o executivo, seguindo essa tendência positiva.

 

A Cyrela registrou queima de caixa de R$ 54 milhões no quarto trimestre, ante uma geração de R$ 100 milhões no mesmo período do ano anterior. Em 2022, reportou geração de caixa de R$ 33 milhões, queda anual de 92,4%.

 

Em 2023, é esperado que a incorporadora siga apresentando queima, afirma Mickelberg. A explicação é o crescimento da companhia, principalmente em média e alta renda, segmentos “intensivos em caixa”. “Estava dentro do planejamento da estratégia de crescimento”, diz.

 

A Cyrela reduziu os lançamentos em 3,4% em 2022, para R$ 5,8 bilhões, levando em conta apenas sua participação. Para 2023, a companhia tem um pipeline semelhante ao do ano passado, segundo o diretor.

 

A EZTec terminou 2022 com lucro líquido de R$ 324,7 milhões, queda de 24,5% ante o ano anterior. Já a receita líquida atingiu R$ 1,1 bilhão, o que representa o segundo melhor resultado da história da companhia, e alta de 17% sobre 2021.

A margem bruta ficou em 34,3%, recuo de 11,9 pontos percentuais em um ano. No quarto trimestre, a margem bruta foi de 24,8%, recuo de 19 pontos percentuais sobre o mesmo período de 2021 e de 14,5 pontos ante o terceiro trimestre.

 

No material que acompanha o balanço, há uma explicação: houve no quarto trimestre o reconhecimento de multa por não ter entregado o empreendimento EZ Parque da Cidade. “Ao optar pelo reconhecimento integral, a companhia se livra da necessidade de apurar impactos significativos decorrentes deste episódio em seus resultados futuros”, escreve a empresa.

 

Em 2022, a EZTec teve queima de caixa de R$ 627,2 milhões, valor 207,7% superior a 2021. Seus lançamentos somaram R$ 1,78 bilhão no ano passado, queda de 6,4%. Por outro lado, as vendas líquidas subiram 11,4%, somando R$ 1,25 bilhão.

O estoque da incorporadora ficou estável, em R$ 2,8 bilhões em valor geral de venda (VGV). A EZTec ressaltou que o escoamento do estoque será o “principal desafio para 2023”, quando ainda devem persistir a pressão nas margens devido à inflação no custo dos projetos e à dificuldade em repassá-la no preço das unidades. Por isso, a empresa lançou em janeiro uma linha de crédito com taxas a partir de 7,99% ao ano, mais IPCA, para unidades em estoque.

 

A Trisul apresentou em 2022 um lucro líquido de R$ 67,9 milhões, queda de 43,7% sobre 2021. No quarto trimestre, o lucro líquido foi de R$ 27,3 milhões, alta de 61,5% ante o mesmo período de 2021.

Segundo material que acompanha o balanço da companhia, o resultado positivo no último trimestre foi puxado pela reavaliação de dois ativos, evento não recorrente que acrescentou R$ 18 milhões ao lucro do período.

 

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 116,8 milhões no ano, queda de 27,6%.

A companhia somou receita líquida R$ 760,3 milhões, leve recuo de 1,8% sobre 2021. A margem bruta caiu 7 pontos percentuais em um ano, para 29,6%.

 

Em todo o ano, houve queda de 10,2% nas vendas líquidas, que atingiram R$ 675,3 milhões. No quarto trimestre, entretanto, as vendas cresceram 43,1% ante o fim de 2021, para R$ 234,5 milhões. Segundo a companhia, a alta no fim de 2022 se deve a uma “nova estratégia de reajuste de preços”, que deve seguir melhorando as vendas neste ano.

No acumulado de 2022, os lançamentos atingiram R$ 1 bilhão, queda de 42,1%, causada por uma “postura mais conservadora” da empresa, que optou por desacelerar lançamentos para priorizar as vendas do estoque. 

FONTE: VALOR ECONôMICO