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21/01/2021

Copom mantém juros em 2%, mas há investimentos que podem fazer seu dinheiro render mais. Confira as opções

BCl manteve a taxá básica Selic no patamar mais baixo da série histórica. Guia do GLOBO mostra caminho para diversificar e aplicar melhor suas economias

Com a taxa básica de juros da economia (Selic) mantida na mínima histórica de 2% ao ano, sobram poucas oportunidades para fazer o dinheiro render em aplicações de risco baixo, como os títulos Tesouro Selic ou a poupança.

Mas ainda há opções mais vantajosas no mercado de renda fixa ou até mesmo no de renda variável, sem necessariamente o investidor precisar se arriscar escolhendo papéis na Bolsa.

É possível investir em ações por meio de fundos de investimentos, que têm profissionais preparados para tomar as decisões de aplicações para os cotistas. Mas esse serviço tem um custo que se reflete nas taxas.

Há também os impostos sobre rendimentos, mas quem procurar bem pode encontrar produtos financeiros que são isentos de Imposto de Renda, por exemplo.

A receita de sucesso dos especialistas em finanças é diversificar os investimentos. Nada de colocar todos os ovos na mesma cesta.  Mas para decidir onde aplicar, é preciso conhecer as opções.

Para isso, confira abaixo o guia do GLOBO com informações sobre como funcionam os principais produtos financeiros no mercado.

Confira os diferentes tipos de investimentos

 

Fundo de ações

 

O que é: são fundo de investimentos que investem ao menos 67% do seu patrimônio em ações de empresas.

Como funciona: são como um condomínio em que há vários proprietários, donos das cotas, e um gestor profissional que busca as melhores opções de investimento.

Os lucros obtidos são divididos entre os cotistas. O objetivo é superar o rendimento de um índice de ações, em geral o Ibovespa. Há diferentes estratégias: alguns apostam na alta dos papéis; outros nas suas oscilações.

Taxas e impostos: a taxa de administração costuma ser de 2% a 3% ao ano. Há também uma taxa de performance, em geral de 20% sobre o que exceder a valorização de determinado índice. É cobrado ainda 15% de IR, independentemente do prazo de resgate e não há “come-cotas”. Se o resgate for realizado em menos de 30 dias, há incidência de IOF.

 

Riscos: há risco de desvalorização das ações.

 

Prazo de investimento: Cada fundo possui uma regra de saída que precisa ser vista com cuidado. O pagamento costuma varia de um a 90 dias após a ordem de resgate.

Aplicação mínima: em geral a partir de R$ 1 mil.

Fundo multimercado

O que é: fundo de investimento que pode investir em vários segmentos do mercado, desde juros e ações a commodities e ativos internacionais. É uma forma de diversificar o dinheiro de uma vez só.  

Como funciona: o gestor investe no mercado em que ele acredita que poderá trazer o maior ganho para o momento, sem limitação. O objetivo é ter rendimento acima de um índice, que pode ser o CDI, Ibovespa ou mesmo a inflação, mais um ganho fixo.  

Taxas e impostos: há taxa de administração de 2% a 3% ao ano e uma taxa de performance, em geral de 20% sobre o que exceder o índice objetivo.

Há incidência de IR de acordo como prazo que o dinheiro fica aplicado. Se o resgate for realizado em menos de 30 dias, há IOF. Há também um imposto semestral chamado de “come-cotas”. 

Riscos: alguns fundos podem investir mais em renda fixa, e outros podem ter apostas muito arriscadas em derivativos.  

Prazo de investimento: cada fundo possui uma regra de saída que precisa ser vista com cuidado. O pagamento é feito, em geral, de dez a 90 dias após o a ordem de resgate.  

Aplicação mínima: em geral a partir de R$ 1 mil.  

 

 

Ouro

O que é: o ouro é uma commodity, pode ser negociado em Bolsa. É considerado um ativo seguro e, por isso, é muito procurado em momentos de grandes oscilações no mercado.

Como funciona: pode-se comprar ouro à vista, o que significa tê-lo fisicamente. Ele pode ser adquirido em casas de câmbio, por exemplo. Mas também é possível investir na commodity por meio de produtos que têm o ouro na cesta, como COE e fundos de investimento. Há ainda contratos negociados diretamente em Bolsa.

Taxas e impostos: se o investimento for feito via fundos ou COE, há cobrança de IR, que cai quanto maior for prazo da aplicação. No caso dos contratos em Bolsa, são cobradas taxa de custódia e negociação, que podem variar de acordo com a corretora.

Neste último caso, assim como ocorre com as ações, o ouro é isento de IR para lucro de até R$ 20 mil. Acima disso, é cobrada alíquota de 15% de IR.

Riscos: o ouro varia todos os dias no mercado internacional, assim como o petróleo e as ações. Especialistas não recomendam investir em contratos negociados diretamente na Bolsa, devido a sua alta volatilidade. Outro risco é a questão da segurança, nos casos em que é comprado fisicamente.

Prazo de investimento: fundos de investimento e COEs têm prazos variados. No caso dos contratos negociados em Bolsa, pode ser vendido em qualquer dia útil, com liquidação de 24 horas.

Aplicação mínima: há fundos com aplicação mínima de R$ 100. Na Bolsa, o lote mínimo custava R$ 347 um lingote de 250 gramas, na última sexta-feira.

 

Títulos do Tesouro 

O que é: títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar o país. Há três opções: Tesouro Selic, que acompanha o rendimento da Selic; Tesouro Prefixado, que paga um juro fixo acordado na hora compra; e Tesouro IPCA +, que paga a variação da inflação (IPCA) mais um juro fixo, garantindo retorno real em qualquer cenário até o vencimento. Há opções com pagamento de juros semestrais.

Como funciona: os títulos são negociados todos os dias no Tesouro Direto, tendo uma cotação diferente a cada dia. Assim, se o investidor quiser resgatar, é só vender o título diretamente na plataforma.

Mas o valor a receber depende da cotação do mercado no dia. Se ficar até o vencimento do papel, recebe o acordado no momento da compra do título.

Taxas e impostos: a maioria das corretoras não cobra taxa de negociação, mas a B3 cobra uma taxa de 0,25% ao ano sobre os rendimentos para custodiar os títulos.

Recentemente, essa taxa foi zerada para aplicações de até R$ 10 mil para o Tesouro Selic.  Incide IR, cuja alíquota cai quando maior o prazo, como nos demais investimentos de renda fixa.

Riscos: são considerados os investimentos mais seguros do mercado porque possuem a garantia do próprio Tesouro Nacional.

Mas há o risco de mercado nos papéis prefixados, caso o investidor resgate antes do prazo do vencimento. Se os juros estiverem mais altos que o do título comprado, haverá perda. Caso os juros estejam menores, o investidor pode ganhar mais do que no vencimento.

Prazo de investimento: há diferentes papéis com prazos diferentes, desde o Tesouro Selic, que é cotado diariamente, até um papel prefixado para 2026 e atrelado à inflação para 2045.

Aplicação mínima: a aplicação mínima é a menor cota que se pode comprar de um título no dia, que varia de acordo com o tipo de título e prazo. Hoje as cotas variam de R$ 35 a R$ 105.

COE

O que é: os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) são uma aplicação em que é possível investir em uma cesta de produtos, incluindo renda fixa e variável, no Brasil e no exterior.

Os títulos, emitidos por bancos, são uma versão brasileira das notas estruturadas, muito comuns nos Estados Unidos e Europa.

Como funciona: você aplica o dinheiro com a promessa de remuneração futura, que vai variar de acordo com diferentes cenários. Em geral, o investidor ganha apenas parte da valorização da cesta de produtos.

Em contrapartida, tem menos perda caso a cesta se desvalorize. Por exemplo: um COE que paga a metade do rendimento do índice de ações americanas caso subam, mas devolve o seu dinheiro caso o índice fique no negativo.

Taxas e impostos: não possui taxa de administração. Tem alíquota regressiva de IR como na renda fixa: 22,5% em aplicações com prazo de até 180 dias; 20% com prazo de 181 dias até 360 dias; 17,5% para 361 até 720 dias e 15% acima de 720 dias.

Riscos: existem dois tipos de COE. O mais comum é o com capital protegido, em que o investir sempre tem no fim da aplicação ao menos o valor que depositou. Mas existem COEs com limite de perda do capital aplicado ou até mesmo a possibilidade de perda total.

Não há garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Por isso, há risco de o banco emissor decretar falência e não honrar o compromisso

Prazo de investimento: os mais comuns têm prazo de 12 a 70 meses. O dinheiro não pode ser resgatado nesse período.

Aplicação mínima: em geral de R$ 5 mil. 

 

LCI e LCA

O que é: a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito Agrícola (LCA) são títulos de renda fixa emitidos por bancos. A primeira tem lastro em empréstimos imobiliários. O banco capta o recurso pela LCI para emprestar exclusivamente no mercado imobiliário.

Já a LCA tem lastro em empréstimos para a produção rural. O banco capta o recurso pela LCA para emprestar no mercado agrícola.

Como funciona: o investidor aplica em troca de uma remuneração recebida no prazo de vencimento. Há opções de rendimento pós-fixado, prefixado ou que rendem a inflação do período mais um juro fixo.

As aplicações mais rentáveis são as com maior aporte e prazo de investimento. Por serem isentas de imposto, aplicações que garantem a partir de 100% do CDI são interessantes.

Taxas e impostos: não possuem taxas e são isentos de IR.

Riscos: possuem garantia do FGC para aplicações até o limite de R$ 250 mil por investidor ou emissor. Depois desse valor, há o risco de falência do banco. Em geral, não é possível resgatar antes do prazo.

Prazo de investimento: pode variar de três meses a cinco anos.

Aplicação mínima: em geral de R$ 1 mil. 

 

CRA e CRI

O que é: os Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) são títulos de renda fixa lastreados em créditos imobiliários. Ao investir em um CRI, o investidor está ajudando a antecipar os créditos que serão emprestados a quem constrói empreendimentos imobiliários.

Já os Certificado de Recebíveis Agrícolas (CRA) são lastreados em créditos vinculados a empréstimos feitos a produtores agrícolas e cooperativas.

Quem investe em CRA está comprando créditos que são concedidos para financiar projetos de agronegócio e antecipando o pagamento para os produtores.

Como funciona: o investidor aplica em troca de uma remuneração recebida no prazo de vencimento. Há opções de rendimento pós-fixado, pré-fixado ou que rendem a inflação do período mais um juro fixo. Há opções que pagam juros semestrais.

As aplicações mais rentáveis são as com maior aporte e prazo de investimento.

Taxas e impostos: Não há taxas, e são isentos de IR para pessoa física.

Riscos: não há garantia de crédito, havendo o risco de os devedores não pagarem as dívidas. Alguns CRIs possuem garantias como alienação fiduciária e garantias reais, minimizando os riscos.

Também há o risco de não conseguir vender os papéis no mercado caso não queira ficar até o vencimento, ou vender por um preço abaixo do esperado.

Prazo de investimento:  em geral de dois a dez anos

Aplicação mínima: a partir de R$ 1 mil. 

Debêntures incentivadas

O que é: títulos de dívida emitidos por empresas para financiar projetos de infraestrutura. 

Como funciona: o investidor aplica no título em troca de uma remuneração recebida no prazo de vencimento. Em geral rendem a inflação do período mais um juro fixo.

Há opções que pagam juros semestrais. A rentabilidade é a prometida pelo título até o vencimento.

 

Taxas e impostos: Não há taxas, e são isentos de IR para pessoa física. 

Riscos: Não há garantia de crédito, havendo o risco da empresa entrar em falência ou o projeto de infraestrutura ter problemas.

Também há risco de liquidez, se não for possível a venda no mercado secundário, mas esses títulos têm tido bastante negociação. No entanto, o valor da venda irá depender das condições de mercado.

Prazo de investimento: em geral de dois a dez anos, podendo chegar a 15 anos.

Aplicação mínima: a partir de R$ 1 mil.

 

ETF

O que é: os Exchange Traded Funds (ETF) são fundos de investimento que replicam um índice, seja de ações, commodities ou renda fixa, e têm suas cotas negociadas em Bolsa.

É um investimento conhecido como passivo, porque irá apenas acompanhar o mercado e não ter ganhos acima do índice a que está atrelado.

Como funciona: O investidor compra cotas do fundo para ter a rentabilidade do índice em que deseja investir. Dessa forma, com apenas uma cota, o investidor está exposto a todos os ativos que compõem o índice, sendo uma forma mais fácil de diversificar os investimentos.

Taxas e impostos: é cobrada uma taxa de administração, mas ela é bem menor que boa parte dos fundos de renda fixa.

O ETF mais conhecido, o Ishares Bova, que investe no Ibovespa, tem taxa de 0,30% ao ano.

Como as cotas do ETF são negociadas em Bolsa, são cobradas também algumas taxas da B3. A cobrança de IR segue a alíquota de renda variável, de 15% sobre os ganhos.

Riscos: o risco é o do índice em que se aplica, que pode oscilar bastante no mercado. Os ETFs mais comuns são os que seguem o Ibovespa, títulos públicos e o S&P 500, da Bolsa de Nova York. Eles têm alta liquidez.

Prazo de investimento: as cotas são negociadas todos os dias na Bolsa. O pagamento é feito dois dias após a venda da cota.

Aplicação mínima: o lote padrão é de 10 cotas, mas os preços variam de acordo com cada ETF.

 

Fundo imobiliário

O que é: fundo de investimento que investe em imóveis ou em títulos imobiliários e que tem suas cotas negociadas na Bolsa.

Como funciona: o fundo compra fatias diversos imóveis, como lajes corporativas, shoppings, hotéis e galpões logísticos e recebe aluguéis dos inquilinos.

Há duas formas de rendimento: o investidor recebe mensalmente dividendos de acordo com a receita dos aluguéis. O valor da cota varia diariamente.

Taxas e impostos: é cobrada taxa de administração. Pode haver taxa de performance para ganhos acima do índice de fundos imobiliários.

E há a taxa de corretagem da corretora. Os dividendos são isentos de IR para pessoa física. Mas os lucros obtidos com a venda das cotas no mercado são tributados em 20%.

Riscos: há o risco de inadimplência dos inquilinos, de vacância dos imóveis e de desvalorização das cotas no mercado. Também há risco de o investidor não conseguir vender todas as cotas que deseja na hora que quiser se desfazer delas.

Prazo de investimento: as cotas são negociadas todos os dias na Bolsa. O pagamento é feito dois dias após a venda da cota.

Aplicação mínima: depende do valor da cota, mas costuma ser acima de R$ 100.

FONTE: O GLOBO