Em tempos de oferta de imóveis bem maior do que a procura, construtoras têm feito de tudo e mais um pouco para atrair compradores. Especialistas do setor avaliam que, embora a concessão de brindes e descontos já seja uma prática antiga, a tendência é ser cada vez mais frequente, na disputa pela venda escassa.
Em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, a construtora Fernandes Araújo entrega as casas do condomínio Fiori Residências já com aquecedor de água instalado. No Cachambi, na Zona Norte, os 35 primeiros compradores de apartamentos ou coberturas no Now Smart Residence ganharão armários na cozinha, no banheiro e nos quartos. Sanderson Fernandes, diretor do Grupo Avanço Aliados, construtor responsável pelo empreendimento, explica que a ideia é diferenciar-se da concorrência.
— Hoje, o mercado tem produtos iguais ao nosso, com média de 60, 70 metros quadrados, mas com os diferenciais que nós agregamos, não — avalia, acrescentando que todas as unidades têm sonorização ambiente e cooktop elétrico na varanda.
Além de brindes, muitas empresas têm oferecido abatimentos. Hoje, a campanha Na Ponta do Lápis, promovida pela PDG, oferece descontos que chegam a R$ 500 mil. A Cury Construtora oferece, este mês, descontos de até R$ 12 mil.
Dados da pesquisa semestral Cenário do Mercado Imobiliário do Rio, do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), mostram que, no mês passado, houve um aumento de 4,95% na oferta de imóveis residenciais para a venda, em toda a cidade, com 33.915 unidades contra as 32.315 comercializadas no mesmo mês de 2014. Num evento comemorativo do Dia da Habitação, no próximo dia 18, a vice-presidente financeira do Secovi Rio, Maria Teresa Mendonça, abordará este e outros dados.
“Muitos imóveis lançados há três ou quatro anos estão sendo entregues agora e a recuperação efetiva só deve acontecer em 2017“, observa Maria Teresa, em nota.
Cautela com as cláusulas - Atraído pelas vantagens, o comprador pode não perceber cláusulas contratuais que aumentam o valor do imóvel. O alerta é de Lizia Jacintho, presidente da Associação dos Mutuários do Rio (AmuRio):
— O comprador deve ficar atento à “economia” que se faz ao receber móveis planejados, eletrodomésticos, viagens ou qualquer suposta vantagem financeira, que, muitas vezes, fazem o consumidor passar por cima de algumas questões, como as promoções de “saldo devedor sem correção”. Observe se não há uma cláusula que obrigue a assinar um pré-contrato com o banco para pagar taxa de obra, que é o mesmo que correção. É uma maquiagem criada por eles.
Ariovaldo Rocha, vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), chama a atenção para o “grátis”:
— É óbvio que nada disso é grátis. Os prêmios são, em sua maioria, parte integrante do preço. Mas, para os armários, a construtora consegue preços que o consumidor não consegue. Então, passa a ser vantagem, pois ela adquire o bem a preços favoráveis.
