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28/08/2025

Construção civil desacelera no Centro-Oeste com juros a 15%, mas mercado segue aquecido – R7

Alta da Selic reduz lançamentos e pressiona crédito, mas empregos e Minha Casa, Minha Vida ajudam a sustentar o setor

A taxa Selic em 15% tem pressionado o setor da construção civil, reduzindo lançamentos e impactando o mercado imobiliário no Centro-Oeste. Dados divulgados pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) nesta quarta-feira (27) mostram que o segundo trimestre do ano registrou sinais de desaceleração, embora o saldo positivo do semestre tenha sido garantido pelo bom desempenho do início do ano.

O número de trabalhadores formais na construção na região passou de 273,1 mil em junho de 2024 para 280,6 mil em junho de 2025, crescimento de 2,75%.

No primeiro semestre, foram criados 25.257 empregos formais, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2024 (25.213).

Apesar da alta dos juros, o mercado de trabalho segue relevante. No Brasil, o setor abriu mais de 150 mil vagas no primeiro semestre. Para a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, a preocupação é com o futuro.

“Em função das taxas de juros, temos uma preocupação com o desempenho do setor da construção no médio e longo prazo”, destacou.

O presidente da CBIC, Renato Correia, reforçou a necessidade de estímulos ao crédito.

“Os juros altos têm colocado um freio no setor. Apesar de ainda gerar empregos e investimentos, já sentimos os efeitos da taxa elevada. É preciso criar condições mais favoráveis de crédito e financiamento para que a construção siga contribuindo com a economia e com a geração de oportunidades para a população.”

Empregos por estado

Entre janeiro e junho de 2025, Goiás criou 11.020 novas vagas e Mato Grosso, 8.997, concentrando a maior parte da expansão regional.

Mato Grosso do Sul adicionou 4.292 empregos e o Distrito Federal, 948, este último com ritmo mais moderado, embora concentre quase 80 mil trabalhadores formais no setor.

Minha Casa Minha Vida sustenta mercado

O programa Minha Casa, Minha Vida tem sido um dos principais fatores de sustentação do mercado imobiliário regional.

Apesar da queda de 10,6% nos lançamentos e de 19,6% no Valor Geral de Vendas no semestre, o programa manteve a absorção de mão de obra e garantiu rápido escoamento das unidades, sem formação de estoque nas capitais.

Em Goiânia e Cuiabá, o MCMV respondeu por parte significativa da produção, especialmente no padrão econômico. Ainda assim, a oferta não cobre toda a demanda no Centro-Oeste.

Segundo Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, a participação do médio padrão nos lançamentos cresceu 64,3%, enquanto houve queda no programa (35%) e nos imóveis de luxo (3,7%).

FONTE: R7