A construção civil, a exemplo de outros segmentos da economia, sente os efeitos da crise no Ceará e no Brasil. Por isso, o momento é de apontar saídas, que incluem buscar o aumento de crédito para financiar as vendas do setor, já que o cenário atual é de rigor na concessão de financiamentos e altas taxas de juros.
Foi com a proposta de buscar soluções para enfrentar o momento atual que o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-CE), André Montenegro, viajou a São Paulo, para participar, na última terça-feira (21), de uma reunião do comitê de crise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC).
"A reunião é para que nós levemos saídas para o governo tomar alguma providência. Precisamos de aumento no crédito do setor. Nós estamos passando por uma crise de crédito muito grande. Pessoas que investiram em 2013 e 2014, por exemplo, hoje se veem com seus empreendimentos sem perspectivas para crédito. Isso é muito grave. As empresas se endividaram muito", afirma Montenegro.
O presidente do Sinduscon-CE afirmou também que reuniões seguirão acontecendo para que o setor encontre soluções criativas, que possam ser apresentadas ao governo federal, como forma de melhorar o cenário atual. "Não adianta ficar só criticando. Nosso objetivo é propor soluções que possam contribuir para o desenvolvimento da construção civil. Ainda não temos uma fórmula, mas seguimos procurando", ressalta.
Financiamentos em queda - Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), nos cinco primeiros meses de 2015 foram financiados 3.948 imóveis no Ceará com recursos da poupança, o que girou R$ 808,7 milhões. O montante representa uma queda de 26,4% em comparação com o referente a igual período de 2014, quando os financiamentos somaram R$ 1,1 bilhão.
Apesar de passar por dificuldades, o desemprego não vem atingindo em cheio a construção civil no Ceará. Segundo dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), o setor gerou 1.099 postos formais no Estado em junho. "Estamos segurando um pouco as nossas demissões por conta de que nós vendemos muito em 2013 e 2014 e esse ano é o ano das construções. Então, a gente não vai sentir tanto nesse ano", afirma o presidente do Sinduscon-CE.
Montenegro, entretanto, não descarta o aumento do desemprego relacionado às obras do Minha Casa Minha Vida (MCMV), caso o governo não cumpra com a promessa de quitar o que deve aos construtores.
"Quando nós contratamos as obras, o pagamento era intempestivo, então nós fizemos os nossos orçamentos pensando nós não teríamos problemas com o giro, com o caixa. E não foi isso que aconteceu. Então, nós temos problemas. Atraso (nos pagamentos) de até 60 dias prejudicam demais, porque são obras rápidas", defende.