Depois de quase seis anos, a Selic voltou a subir. A taxa estava estacionada no piso histórico de 2% ao ano desde agosto de 2020, mas o Comitê de Política Monetária (Copom) quebrou o ciclo na última quarta-feira (17) e fez o ajuste para os atuais 2,75% a.a.
Com a mudança, surge a preocupação sobre um possível sinal de encarecimento para o bolso dos brasileiros – e isso não seria diferente para o mercado imobiliário. Seja para quem vai construir como para quem pretende comprar um imóvel, a Selic serve como referência dos juros para parte dos investimentos de renda fixa e para algumas operações de crédito, como o financiamento.
Em 2020, as vendas de imóveis novos no Brasil totalizaram 119.911 unidades, um salto de 26,1% em relação ao volume registrado em 2019. O número de lançamentos também cresceu no período, mas em ritmo menor, de 1,1%, com 113.191 imóveis novos lançados.
“Quando a Selic estava em 14,5%, o CET (Custo Efetivo Total) era de 13%. Quando a Selic caiu para 2%, o CET ficou na faixa de 7%. Ou seja, ele caiu cerca de 6 pontos percentuais, enquanto a Selic caiu 12 p.p. no mesmo período”, diz Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV.
O valor mais elevado do CET se deve ao fato de que esse instrumento considera todos os custos envolvidos no um crédito imobiliário, por exemplo, a tributação de impostos como o IOF. O aumento da Selic, portanto, não deve provocar grande queda de demanda, uma vez que o mercado imobiliário não explodiu nos últimos anos de queda da Selic.