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20/02/2017

Com a crise do setor, Even passa a executar projetos de concorrentes

Além de executar obras para outras empresas do ramo, a Even poderá participar da definição dos projetos juntamente com as novas clientes ou co-incorporar empreendimentos.

A Even Construtora e Incorporara entrou no segmento de obras para terceiros. Trata-se de nova fonte de receita para a companhia, que terá forte queda no volume de entregas a partir de 2018, devido à redução dos seus lançamentos em 2015. Considera-se o prazo médio de três anos entre o lançamento e a conclusão de um empreendimento imobiliário. Além de executar obras para outras empresas do ramo, a Even poderá participar da definição dos projetos juntamente com as novas clientes ou co-incorporar empreendimentos.

Por enquanto, há duas obras em produção nesse modelo. Há potencial, segundo o co-presidente, Dany Muszkat, para a execução de dez empreendimentos, no segmento, no prazo de 12 a 24 meses. Isso permite, de acordo com o executivo, aproveitar a capacidade instalada da Even em momentos de volatilidade do mercado. Em volume de obras, o trabalho com outras empresas poderá ir a 20% do total. "É um projeto que veio para ficar", afirma Muszkat.

Nesse novo ramo de negócios, a Even construirá projetos residenciais, comerciais - lajes e saletas -, hotéis, universidades e escolas. Não há nenhuma restrição em relação a produzir empreendimentos para concorrentes. A construção para outras empresas começa pela capital paulista e pela Região Metropolitana de São Paulo, mas oportunidades em outras praças de atuação, caso apareçam, serão avaliadas, afirma.

À frente desse novo modelo de negócios traçado pela empresa estão, além de Muszkat, o diretor de custos, planejamento e projetos, Eduardo Rocca, e o diretor de operações e serviços compartilhados, Marcelo Morais. "O segmento pode abrir portas de novos negócios para a Even", diz Rocca. A empresa, que chegou a ter 70 canteiros de obras ativos, simultaneamente, tem 38, atualmente, incluindo os dois para terceiros.

Segundo o diretor de custos, esse tipo de produção torna a Even mais competitiva. Morais acrescenta que o segmento contribui para a incorporadora pressionar fornecedores nas negociações. Muszkat ressalta que a Even obteve economia de obras nos últimos anos e, em alguns casos, antecipação de prazos. A Even e a EZTec foram as únicas incorporadoras de capital aberto que não reportaram problemas de estouros de orçamento.

A companhia oferece diferentes modelos de contratação, como preço fechado e preço máximo garantido (PMG). O custo das duas obras de terceiros que estão sendo erguidas soma R$ 70 milhões. "O produto é do cliente, mas os processos e a cultura de construção são da Even", afirma o diretor de operações.

A incorporadora lançou R$ 2,5 bilhões em 2012, R$ 2,4 bilhões em 2013, R$ 2,1 bilhões em 2014, R$ 800 milhões em 2015 e R$ 1,1 bilhão no ano passado. "Desde 2016, temos volume muito maior de entrega do que de lançamentos", afirma Muszkat. No ano passado, a incorporadora teve entregas recordes de R$ 2,3 bilhões. No setor, a receita é contabilizada proporcionalmente às vendas e ao avanço das obras. Menos prédios em produção significam menor composição da receita.

A Even não tem meta de lançamentos para o ano, mas tem projetos aprovados para superar o Valor Geral de Vendas (VGV) de 2016. "Podemos lançar bem mais do que no ano passado, mas só se o mercado, de fato, absorver os lançamentos e o estoque", observa Muszkat.

Dois lançamentos estão previstos para serem realizados entre o primeiro trimestre e o segundo trimestre. Um deles tem VGV próximo a R$ 200 milhões, com apartamentos de 100 metros quadrados a 140 metros quadrados. Segundo o executivo, os apartamentos de 100 metros quadrados se encaixam no novo limite de preço do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de R$ 1,5 milhão. A primeira fase do segundo projeto terá VGV de R$ 300 milhões.

O co-presidente da Even espera que o volume de vendas brutas do mercado, neste ano, seja bem maior do que o de 2016, mas ressalta que os distratos continuarão elevados. "O volume de lançamentos crescerá em 2018. Ainda é cedo para dizer que isso acontecerá em 2017, mas é a expectativa", afirma Muszkat. 

FONTE: VALOR ECONôMICO