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28/11/2016

CDB volta a ganhar espaço no saldo de captação bancária

Depois do forte crescimento nos últimos anos, os instrumentos de captação bancária que contam com isenção de imposto de renda também perderam um pouco do brilho.

Em meio à crise e sem a necessidade de levantar recursos por prazos mais longos, o certificado de depósito bancário (CDB) voltou a ser o instrumento favorito de captação dos bancos para os recursos de clientes. Entre setembro de 2015 e o mesmo mês deste ano, o saldo de recursos aplicados em CDB aumentou 10%, para R$ 577 bilhões.

Esse volume deve crescer ainda mais nos próximos meses com a decisão do Banco Central de acabar com a possibilidade de os bancos captarem via operações compromissadas com clientes - que somam cerca de R$ 370 bilhões.

As instituições recorriam a brechas nas normas para usar esse instrumento sem a necessidade de recolher a contribuição para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que tornava a captação mais barata do que via CDB tradicional. Depois do forte crescimento nos últimos anos, os instrumentos de captação bancária que contam com isenção de imposto de renda também perderam um pouco do brilho.

O estoque de letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) acumula alta de 5% entre setembro de 2015 e o mesmo período deste ano, também abaixo da inflação. As letras de crédito são a alternativa de captação mais barata para os bancos, que ficam com parte do benefício fiscal destinado ao investidor pessoa física. Mas como os recursos são "carimbados" para o crédito imobiliário e do agronegócio, o negócio deixou de valer a pena para algumas instituições. "A conta da captação em muitos casos não fecha em um cenário com a Selic a 14% e o financiamento imobiliário com taxas equivalentes à TR mais 11% ao ano", afirma um executivo do setor.

O direcionamento obrigatório e a queda na atividade econômica, que diminuiu até mesmo a demanda por recursos no agronegócio, também contribuiu para a queda nas emissões de letras de crédito. "Na LCA, nosso apetite diminuiu. Vamos renovar o que temos, mas não há apetite em crescer", diz Edmar Casalatina, diretor do BB. "Nossa energia está sendo gasta em captar poupança." Com a Selic ainda em altos níveis, a poupança segue perdendo recursos, o que, no caso do BB, prejudica o funding do financiamento rural.

A tendência para a estratégia de captação dos grandes bancos não deve mudar nos próximos meses, ainda que a economia venha a surpreender positivamente. "O colchão de liquidez atual permite aos bancos retomar o crédito sem a necessidade de tomar novos recursos", afirma Roberto Fischetti, superintendente do Santander. 

FONTE: VALOR ECONôMICO