O Carrefour está em tratativas avançadas para a venda de 22 imóveis para fundos imobiliários das gestoras de investimentos Guardian e TRX, conforme apurou a Coluna. O negócio é avaliado em cerca de R$ 1 bilhão, no total. Os imóveis estão espalhados pelo País e abrigam lojas do Atacadão, braço do grupo dedicado ao comércio atacadista. A companhia permanecerá nos imóveis na condição de inquilina (operação chamada sale and leaseback), com contratos de 15 anos de duração, podendo ser estendidos por mais cinco anos.
O conselho de administração do Carrefour aprovou a venda desses 22 imóveis, conforme consta na ata da reunião divulgada ao mercado no fim de outubro. Por sua vez, as gestoras enviaram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) os avisos de atos de concentração de mercado - processo protocolar para esse tipo de transação, por envolver empresa de grande porte.
Apesar dos editais abertos no Cade, as partes ainda não têm documentos vinculantes assinados, apurou a Coluna. Neste momento, os ativos estão sob diligência. O Carrefour tem como meta interna de fechar o negócio ainda neste ano.
Grupo já vendeu 15 lojas
Esta não é a primeira vez que o Carrefour opta pela venda de imóveis e a posterior locação. O objetivo com essa estratégia é liberar recursos imobilizados nas edificações e aplicar o dinheiro em outras vertentes consideradas mais importantes, como redução da dívida ou novos investimentos. A última tacada nessa linha ocorreu há um ano, quando foram vendidas 15 lojas para o fundo imobiliário da própria gestora Guardian, por R$ 725 milhões.
Neste momento, as tratativas estão sendo conduzidas de modo separado com cada gestora. De um lado, a Guardian negocia 15 imóveis a serem adquiridos por meio de um fundo fechado, que terá a XP como a grande cotista. O fundo terá cotas seniores - que ficarão com a XP - e subordinadas - que responderão por um pequeno volume e podem vir a ser integralizadas pelo fundo imobiliário Guardian Real Estate (GARE11), negociado na Bolsa.
A outra tratativa envolve sete imóveis, a serem adquiridos pelo fundo TRX Real Estate (TRXF11). O fundo abriu em setembro uma oferta para captação de recursos, cujo montante inicial é de R$ 2 bilhões, podendo chegar a R$ 3 bilhões. Criado em 2019, o TRXF11 investe em imóveis locados para empresas de varejo, construção e saúde. Entre os principais inquilinos estão Assaí, Grupo Mateus e Pão de Açúcar.
Com a palavra
Procuradas pela Coluna, as partes - Carrefour, Guardian, XP e TRX declinaram de fazer comentários. Em comunicado ao mercado, porém, o TRX confirmou na noite desta quinta-feira, 6, a transação e informou que a parcela de sete imóveis em que está envolvido é estimada em R$ 297 milhões.